Nos primeiros anos da República, o Brasil foi governado por presidentes militares, era a República da espada, 1889 a 1894; seguiram-se presidentes ligados as oligarquias rurais, cafeicultores de São Paulo e pecuaristas de Minas Gerais que formaram a república do café com leite de 1894 a 1930. Foi um período marcado por insurreições e revoltas por todo o país: Guerra de Canudos, na Bahia; Revolta da Vacina, e Revolta da chibata no Rio de janeiro; Guerra do contestado, em Santa Catarina. São Paulo era palco de inúmeras greves. Os antigos escravos eram marginalizados e os imigrantes europeus chegavam para trabalhar nas lavouras ou nas indústrias recém-criadas. O nordeste vivia a estagnação econômica e os bandos de cangaceiros assaltavam propriedades; as secas levavam a morte milhares de sertanejos. Esse período compreendido entre 1900 e 1922 caracteriza-se pela convivência de várias correntes e estilos literários. Ao lado do mundo cor de rosa das elites estava a miséria do povo. Pouquíssimos foram os escritores que voltaram os olhos de modo crítico para a realidade brasileira porque nesse período ainda predominava o Parnasianismo e os escritores dessa corrente estavam mais preocupados com o prestígio social que a literatura podia lhes dar, muito mais do que com as questões sociais desse período. Mas nesse mesmo período começa a surgir um grupo de escritores preocupados em interpretar a realidade brasileira revelando as tensões e os problemas sócio-políticos daquele período. O Pré-Modernismo não é propriamente uma escola literária, compreende, genericamente, o período que abrange as duas primeiras décadas do século XX e que veio criar condições para o surgimento do Modernismo. Algumas datas podem servir de balizamento para o período pré-modernista: Em 1902, duas publicações podem ser tomadas como ponto de partida para o Pré-Modernismo o romance Canaã, de Graça Aranha que exprime uma visão pessimista do homem brasileiro abordando o problema dos imigrantes europeus e a publicação de Os sertões, relatos históricos, de autoria de Euclides da Cunha.
Os Pré–modernistas Lima Barreto, Euclides da Cunha Graça Aranha e Monteiro Lobato, foram escritores que viram com olhos críticos a realidade nacional do começo do século XX, construindo uma obra renovadora, faz parte desse grupo destacando-se na poesia o escritor Augusto dos Anjos. Alguns desses escritores destacaram tanto no pré-modernismo quanto no Modernismo.
O Pré-Modernismo - Contexto histórico EUCLIDES DA CUNHA: Nasceu em 1866 e morreu em 1909. Não alcançou o Modernismo. Sua obra máxima foi Os sertões, um ensaio sociológico e histórico em torno da Guerra de Canudos sob uma ótica positivista e determinista. A obra divide-se em três partes: 1 - A terra: descrição minuciosa do Nordeste em seus aspectos geográficos e físicos;
2 - O homem: os tipos regionais brasileiros, frutos da miscigenação entre o branco, o índio e o negro que deu origem ao sertanejo e ao jagunço fabricado pelo meio árido, seco e , rústico do sertão.
3- A luta: retrato os combates, entre os jagunços e as quatro expedições de soldados até o extermínio do Arraial de Canudos.
MONTEIRO LOBATO: Paulista de Taubaté nasceu em 1882 e morreu em 1948. Acreditava no progresso mas, cometeu o equívoco momentâneo de criticar os modernistas de 1922 que buscavam uma arte de reforma, concordando posteriormente com eles. Apesar de destacar-se na literatura com temas voltados para o público adulto, seu maior destaque foi na Literatura infanto-juvenil brasileira sendo considerado o criador da literatura infantil no Brasil.
AUGUSTO DOS ANJOS: Nasceu no Engenho Pau d’arco no Pará e morreu em Leopoldina, minas Gerais. Foi poeta cuja obra caracteriza-se pela crueza de temas que giram em torno da morte, da doença, sempre crítico e com uma linguagem exótica, agressiva, carregada de termos científicos, retrata a angústia, e o sofrimento humano, com acentuado grau de inquietação filosófica, sobre o enigma do universo e da própria vida. Vejamos dois de seus mais intrigantes poemas:
VERSOS
ÍNTIMOS Vês?! Ninguém assistiu ao
formidável Enterro de tua última quimera Somente a ingratidão _ esta pantera Foi tua companheira inseparável
Acostuma-te a lama que te espera O Homem que nesta terra miserável Mora entre feras, sente inevitável Necessidade de também ser fera
Toma o
fósforo. Acende teu cigarro! O beijo
amigo, é a véspera do escarro, A mão que
afaga é a mesma que apedreja.
Se alguém causa ainda pena a tua chaga Apedreja essa mão vil que te afaga Escarra nessa boca que te beija Augusto dos
Anjos