sexta-feira, 24 de junho de 2022

             CONHECENDO  A LITERATURA PARAENSE                                                                                      



Bento de Figueiredo TENREIRO ARANHA


BENTO DE FIGUEIREDO TENREIRO ARANHA, filho de Rasimundo Tenreiro e de D. Tereza Joaquina Aranha, nasceu a 4 de setembro de 1769 na vila de Barcelos, antiga Comarca do Rio Negro. Ficando órfão aos 7 anos, foi entregue a um tutor que o fez aprender as primeiras letras. Mais tarde, amparado pelo Vigário Geral, José Monteiro de Noronha, matriculou-se no Convento de Santo Antônio, transferindo-se, a seguir, para as aulas dos Padres Mercedário, onde desenvolveu seu talento.
         Em virtude de dificuldades financeiras, não lhe foi possível seguir para Coimbra a fim de completar seus estudos.
         Foi diretor de Oeiras, vila de índios, onde era muito respeitado, abandonando este cargo por ter sido nomeado escrivão da Alfândega do Pará.  Por injustiças políticas, afastou-se de suas funções, voltando à sua vida no campo. Admitido para a Mesa Grande do Pará, foi confirmada sua vitaliciedade pelo Príncipe Regente D. João.  Faleceu a 11 de novembro de 1811.

Bento de Figueiredo Teneiro Aranha(1769-1811).  Obras Literárias, publicadas por seu filho em 1850.

 

SONETO

 

Se acaso aqui topares, caminhante,

Meu frio corpo já cadáver feito,

Leva piedoso, com sentido aspeito,

Esta nova ao esposo aflito, errante...

 

Diz-lhe como de ferro penetrante

Me viste, por fiel, cravado o peito,

Lacerado, insepulto e já sujeito

O tronco feio ao corvo altivolante;

 

Que dum monstro inumano, lhe declara,

A mão cruel me trata desta sorte;

Porém que alívio busque à dor amara,

 

Lembrando-se que teve uma consorte

Que, por honra da fé que lhe jurara,

À mancha conjugal prefere a morte.

 

 

 

SONETO

Passarinho que logras docemente
Os prazeres da amável inocência
Livre de que a culpada consciência
Te aflija, como aflige ao delinquente;

       

        Fácil sustento e sempre mui decente
Vestido te fornece a Providência;
Sem futuros prever, tua existência
É feliz limitando-se ao presente.

Não assim, ai de mim! porque sofrendo
A fome, a sede, o frio, a enfermidade,
Sinto também do crime o peso horrendo...

Dos homens me rodeia a iniquidade,
A calúnia me oprime, e, ao fim tremendo,
Me assusta uma espantosa eternidade.

Extraído de SONETOS BRASILEIROS Século XVII – XX. Colletanea organisada por Laudelino Freire.  Rio de Janeiro: F. Briguiet & Cie., 1913.

 

(A' Maria Barbara, assassinada, porque preferiu a morte
à mancha de adultera)

Se acaso aqui topares, caminhante,
Meu frio corpo já cadáver feito,
Leva piedoso com sentido aspeito
Esta nova ao esposo aflito, errante...

Diz-lhe como de ferro penetrante
Me viste, por fiel, cravado o peito,
Lacerado, insepulto, e já sujeito
O tronco feio ao corvo altivolante;

Que dum monstro inumano, lhe declara,
A mão cruel me trata desta sorte;
Porém que alívio busque à dor amara,

Lembrando-se que teve uma consorte,
Que, por honra da fé que lhe jurara,
Á mancha conjugal prefere a morte.                             

Página publicada em junho de 2009; ampliada e republicada em novembro de 2017                                          Envie mensagem a webmaster@antoniomiranda.com.br sobre este site da Web.

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quinta-feira, 23 de junho de 2022

 

                                              Foto: Juramento de posse                                                                                                                   da Academia de Letras Maritubense. ALMARI                                                                                               A esquerda da Prefeita Patrícia Mendes o Professor Francisco Poeta presidente                                             da Academia e a  Direita o Acadêmico Dr. Lázaro Falcão  e o Secretário de                                                    Cultura Igor Castro


  •   CONHECENDO A LITERATURA PARAENSE


Traços biográficos

           Maria Lúcia Fernandes de Medeiros, Maria Lúcia ou simplesmente Lucinha, nasceu em Bragança, em 15 de fevereiro de 1942. Apaixonada por sua terra natal, morou em Bragança até os 12 anos, quando se mudou com parte da família para Belém, onde graduou-se em Licenciatura Plena em Letras, pela Universidade Federal do Pará, aonde atuou como pesquisadora e docente. Sempre que podia, visitava seus conterrâneos e distribuía carinho e conversas à tarde com seus amigos                                  Foi a primeira professora de Redação e de Literatura Infanto-juvenil, disciplina que ajudou a inserir no desenho curricular do Curso de Letras da Universidade Federal do Pará, à época. Era também uma grande colaboradora da Universidade da Amazônia (UNAMA) em Belém, envolvida em projetos e palestras, chegando a publicar textos de sua autoria na revista da UNAMA intitulada Asas da Palavra, desde 1995.                                                                                                                                                               Sobre Bragança, Maria Lúcia deixa uma pista em seu depoimento no documentário intitulado A Escritura Veloz, de Mariano Klautau Filho (produção independente, em VHS, de 1994): “Eu nasci em Bragança, uma cidade simples do interior, com um trem de ferro e um rio na frente. Tive, portanto, uma infância bem brasileira: quintal, primos, frutas, tios, igreja, cinema Olympia. Em Belém já cheguei quase adolescente e meus fantasmas viviam sob as mangueiras, nas ruas largas, na arquitetura imponente de uma cidade de 250 mil habitantes que era Belém dos anos 50.                                                     Quando descobri os livros, descobri um outro jeito de viver. Personagens, situações, lugares ajudavam meu aprendizado do mundo. Ler para mim sempre foi uma salvação. Agora, escrever, acho que sempre escrevi. Lembro que muito menina eu me recolhia e escrevia, escrevia para mim”                          Sobre Bragança, Maria Lúcia deixa uma pista em seu depoimento no documentário intitulado A Escritura Veloz, de Mariano Klautau Filho (produção independente, em VHS, de 1994):                                   “Eu nasci em Bragança, uma cidade simples do interior, com um trem de ferro e um rio na frente. Tive, portanto, uma infância bem brasileira: quintal, primos, frutas, tios, igreja, cinema Olympia. Em Belém já cheguei quase adolescente e meus fantasmas viviam sob as mangueiras, nas ruas largas, na arquitetura imponente de uma cidade de 250 mil habitantes que era Belém dos anos 50   Quando descobri os livros, descobri um outro jeito de viver. Personagens, situações, lugares ajudavam meu aprendizado do mundo. Ler para mim sempre foi uma salvação. Agora, escrever, acho que sempre escrevi. Lembro que muito menina eu me recolhia e escrevia, escrevia para mim”.                                              A escritora, a pesquisadora, a professora e a bragantina. 
        Com sua seriedade foi uma escritora de excelente produção literária, além da função de professora e poeta. Reconhecida como uma das maiores contistas paraenses. Tornou-se um dos mais importantes ícones literários do Pará. Seus livros falam de sentimentos, entre eles a angústia e a solidão, com destaque para o viés emocional e da personalidade da escritora bragantina e são ambientados numa época chamada por ela de “modernidade”. Um exemplo disso é o livro Horizonte Silencioso, em que se destaca uma linguagem de enorme nostalgia, quando Maria Lúcia abordava a mudança do tempo, aspectos de sua infância e adolescência.                                                                                                                Seus textos eram fortes e quase autobiográficos. Sua escrita marcante era facilmente descoberta por seus leitores e admiradores da sua obra. Entre seus livros mais lidos estão os contos em Velas por quem? e Zeus ou a Menina e os Óculos.


Imagem 2: Capa de Zeus ou a Menina e os Óculos, livro de Maria Lúcia Medeiros, com arte de Valdir Sarubi.               Acervo pessoal

.Em sua atuação como professora, ajudou a realizar o processo de registro e de tombamento em nível de Estado da Residência da família Medeiros, situada em Bragança, local onde ela costumava se hospedar  nas suas visitas à terra natal.

Alguns de seus livros já foram listados entre as leituras obrigatórias de processos seletivos da UFPA, assim como em salas de aulas do Ensino Médio por todo o Estado. Lucinha também ajudou a fundar a Casa da Linguagem, sendo uma de suas consultoras.

Foi homenageada na Feira Pan-Amazônica do Livro no ano de 2004, com um sarau intitulado “O elemento fabuloso da narrativa de Maria Lúcia Medeiros”. No mesmo evento, o curta-metragem Chuvas e Trovoadas, filme baseado na obra homônima de Lucinha foi apresentado, sob a direção de Flávia Alfinito. No filme ambientando em Belém, quatro moças são estudantes de corte e costura em algumas tardes do período da Belle-Époque amazônica.

A película de Flávia Alfinito, produzida de forma independente, conta com a narração do ator José Mayer e a participação das atrizes Patrícia França, Suzana Faine, Andréia Rezende, Andreia Paiva e Francis, recebendo o prêmio de Melhor Fotografia no Festival de Gramado, principal premiação do cinema brasileiro, em 1995.

O último texto escrito por Maria Lúcia Medeiros, na Ilha de Mosqueiro, em abril de 2005, tinha como título Don Quixote veio de trem, momento em que ela já estava bastante doente e com boa parte de seus movimentos comprometidos (clique aqui para ler o texto).

Em suas passagens por Bragança, sempre visitava amigos e conversava com seus contemporâneos, além de participar de eventos. Entre esses eventos, participou da VII Feira de Ciências da EEEFM Bolívar Bordallo da Silva, acompanhada da Prof.ª Mariana Bordallo, mantendo contato com professores e alunos daquele estabelecimento de ensino, em especial, no Projeto Revivendo Bragança.







quarta-feira, 22 de junho de 2022

 



                               Professor Francisco Poeta Presidente da ALMARI,  entregando Diploma de                                                                                        Acadêmica Honorária à Prefeita de Marituba Sra. Patrícia Mendes

 

 





                                                          Professor Francisco Poerta                                                                                                                             Presidente  da ALMARI                                                                                                                         Academia de Letras Marritubense

 

HISTÓRICO DA ACADEMIA DE LETRAS MARITUBENSE – ALMARI                             Academia Maritubense de letra de Letras, teve suas origens relacionada a uma feira de apresentações de atividades escolares a que costumavam denominar de feira do livro ocorrida de 04 a 07 de dezembro de 2017. Encontravam-se nessa feria as escritoras Luciane Cunha, Lia Oliveira, Margaret Resque e os escritores Francisco Poeta, Luís Bernardino, Eloísio Vasconcelos, Francisco Teotônio, Edvan Brandão, além do compositor Dilton Oliveira, autor do Hino de Marituba e que era um dos coordenadores daquele evento escolar.                                                                      No último dia do referido evento a escritora Luciane cunha propôs que os escritores ali presentes passassem a se encontrar para troca de informações e até mesmo ajudar-se mutuamente, assim seria criada uma associação de poetas e escritores de Marituba. Com esse propósito, fizeram a primeira reunião no dia 14 de dezembro de 2017 na biblioteca Pública denominada Reunião de Escritores e Poetas de Marituba, conforma ata elaborada pela escritora Luciane Cunha. Fundava-se ali a Associação Letras e Artes de Marituba (ALAM). Mas logo na reunião seguinte, ou seja, na segunda reunião, realizada da em janeiro de 2018, o Professor Francisco Poeta Propôs que ao invés de uma simples associação se criasse uma Academia.                                     E assim então surgiu a Academia de Letras Maritubense ideia que foi acatada por todos os 09 escritores que se reuniam na Biblioteca pela 2ª vez, tendo como seus criadores: Luciane Cunha, Lia Oliveira, Margaret Resque e os escritores Francisco Poeta, Luís Bernardino, Eloísio Vasconcelos, Francisco Teotônio, Edvan Brandão) aquele mesmo grupo de escritores que se reuniu desde aquela pseuda feira de livros.                                                                                    Na 3ª Reunião realizada também em janeiro de 2018 veio somar-se ao grupo o escritor Dilermando Serrão que a convite do Professor Poeta passou a integrar o grupo que aos poucos cresceria. Assim realizaram-se mais quatro reuniões em 2018. Em 2019 outros escritores vieram fazer parte da Academia para discussão de uma proposta de Estatuto elaborada pelo Professor Poeta e que aos poucos foi sendo aprimorada, neste mesmo ano o Escritor.                                                                                                  Apenas 04 Reuniões foram realizadas no ano de 2019 e a Academia já contava com 16 membros efetivos cuja maioria frequentou as 05 reuniões realizadas com o intuito de aprimorar o Estatuto. Em 2020, em virtude da Pandemia só duas reuniões foram realizadas a 1ª em março do e a 2ª em dezembro ano.        Em 2021 ingressaram na Academia o Escritor Lázaro Falcão tendo o mesmo apresentado a proposta de mudança da nomenclatura de Academia de Letras Maritubense ALM, para Academia Maritubense de Letras cuja sigla é ALMARI, ideia que foi aprovada na 1ª Reunião realizada em fevereiro de 2021. Nesse mesmo período o Escritor Edvan Brandão criou a Logomarca da Academia e O Doutor Lázaro Falcão assumiu os trabalhos de elaboração do Estatuto e do Regimento interno com a colaboração do Professor Francisco Poeta.                                                          Em março de 2021 foi aprovado o Estatuto e eleita oficialmente a primeira diretoria conforme ata redigida pela então Secretária Luciane Cunha. De lá para cá seguiram-se as reuniões ordinárias e as reuniões extraordinárias sempre na Biblioteca Pública de Marituba nossa sede Provisória, em parceria com a Secretaria de Cultura e com a Direção da Biblioteca.                                E tendo se instituído com entidade Literária de grande importância para o Cenário cultural de nosso município hoje orgulhosamente tomamos posse como os imortais das letras e da cultura Maritubense.   

 

          

  O ROMANCE E A NOVELA (Por Orlando Tadeu Ataíde Leite)       Pois bem, vamos lá.       Diferentemente do conto e da crônica o romance e a n...