MARITUBA COMPLETA VINTE E SETE ANOS
E SONHA COM UM FUTURO MENOS TENEBROSO
Pouquíssimos municípios do Pará ou
até mesmo do Brasil, tem tão pouco para comemorar em seu aniversário de criação
como a sofrida Marituba.
Terceira
cidade ou terceiro Município da Região Metropolitana de Belém, Marituba é uma
cidade agonizante cuja população literalmente parece não ter para quem apelar.
Uma cidade atormentada com o mau-cheiro de um medonho lixão, uma cidade sem
saneamento básico, cheia de valas a céu aberto, com um índice de violência
altíssimo sonhando que no futuro próximo as coisas se tornem menos difícil do
que tem sido desde a sua emancipação.
Emancipada em 1994, na expectativa
de receber pelo menos os serviços básicos de que tanto carecia, a população de Marituba
optou pelo sim a emancipação e sem estrutura alguma, sem nenhum recurso, sem
prédios para abrigar Câmara, Prefeitura e as secretarias básicas, depois de
emancipada ainda esperou mais dois anos até que houvesse a primeira eleição e
elegesse o seu primeiro prefeito e seus primeiros vereadores.
Infelizmente,
a partir de sua emancipação começaram a acontecer as invasões que deram origem
a diversos bairros e como consequência dessas invasões veio a grande explosão
demográfica que muito rapidamente foi transformando Marituba no município mais
populoso demograficamente.
Logo depois de emancipada ao invés de ser
tratada com respeito e dignidade que todo município sem infraestrutura merece
para crescer, Marituba passou a sofrer nas mãos do governo do estado que passou
a tratar a pobre cidade como um padrasto malvado trata sua pobre enteada; tudo
de ruim começou a ser mandado do para esse pobre Município.
E como
se não bastassem as invasões que se iniciaram imediatamente após a emancipação
o Estado desativou o Hospital Psiquiátrico Juliano Moreira que funcionava em
Belém e implantou em Marituba o CIASPA, no final do Bairro Encovile: o esgoto
desse hospital Psiquiátrico era lançado nas águas dos igarapés que cortam
Marituba, iniciando assim sua contaminação até a extinção dos mesmos.
E quando a população
esperava que o Estado ajudasse a construir um hospital digno, boas escolas e
ajudasse na infraestrutura da cidade o povo de Marituba foi surpreendido com outra atitude de padrasto
malvado e lá veio a construção do
Presídio PEM 1 e depois o PEM 2 e s seguir o PEM 3. Em seguida, sem nenhum
critério de estudos de impactos de solo alguns empresários começaram a
implantar cemitérios e mais cemitérios com licenças ambientais emitidas pelo
governo do Estado. E por último, não
obstante a contaminação do solo pelos cemitérios, por falta de habilidade de
seus últimos governantes e comodismo da grande maioria da população, para
atender aos interesses de Belém e de Ananindeua, foi implantado o lixão em
Marituba mesmo sem obedecer a critérios mínimos
e sem nenhum estudo sério dos impactos ambientais e dos danos que o maldito
lixão poderia causar e está causando a população de Marituba com a poluição
solo e com o insuportável odor que vem acometendo a população da cidade de uma série de doenças. E novamente, o Governo do Estado agiu como
padrasto malvado de Marituba para atender aos interesses principalmente do
Município de Belém.
Sem
infraestrutura sem indústrias e sem um comércio forte, não há trabalho
suficiente para a grande maioria da população produtiva. Uma pequena parte da
população presta serviço temporário nos órgão públicos municipais mas, sem vínculo efetivo, havendo dispensas ao bel
prazer do governante do momento. Assim, a Prefeitura acaba sendo o maior
empregador do Município, mas que não consegue absorver nem 5% dos trabalhadores
do município e como agravante quase 40% das vagas de emprego das secretarias
Municipais de Marituba são ocupadas por pessoas de Belém e de outros municípios
ficando grande parte dos filhos de Marituba sem trabalho.
Assim,
depois de emancipada Marituba, infelizmente, apenas deixou de ser chamada de
vila dormitório e passou a ser chamada de Município dormitório, visto que, a
grande maioria das pessoas em idade produtiva saem do Município durante o dia
para trabalhar em Belém ou em outros municípios da região metropolitana e
retornam a noite as suas casas. Mas as mazelas trazidas pelo governo do Estado,
a falta de postos de trabalho a falta de infraestrutura, a falta de segurança e
a falta de saneamento se tornaram problemas menores depois que implantaram o
lixão em Marituba.
A partir do começo do funcionamento desse
maldito lixão a população de Marituba literalmente perdeu o direito de respirar
o ar puro a que antes achava que tinha direito, passando a sofrer
agonizantemente, todos os dias, com o insuportável odor que predominas em toda
a cidade por diversas horas do dia, principalmente de madrugada. Esse tem sido o maior pesadelo de Marituba nos
últimos nos últimos oito anos. E ao
completar 27 anos de Existência como Município, ainda sem o mínimo de
infraestrutura na maioria dos bairros;
carente de escolas de Ensino Médio e de ensino Fundamental; sem creches, sem um hospital de qualidade;
sem bons supermercados que ofereçam produtos de qualidade para a população, sem
opções de lazer, principalmente para a juventude; com um sistema de transporte precário, sem um
parque industrial que ofereça oportunidade de trabalho para seus moradores e
com tantas outras mazelas. Essa é a triste realidade de Marituba que ao
completar seus 27 anos como Município espera e sonha com um futuro melhor visto que o
presente está sendo literalmente tenebroso.
Raimundo M. de Periçá.