quarta-feira, 21 de abril de 2021

 

MARITUBA COMPLETA VINTE E SETE ANOS

E SONHA COM UM FUTURO MENOS TENEBROSO

            Pouquíssimos municípios do Pará ou até mesmo do Brasil, tem tão pouco para comemorar em seu aniversário de criação como a sofrida Marituba.

Terceira cidade ou terceiro Município da Região Metropolitana de Belém, Marituba é uma cidade agonizante cuja população literalmente parece não ter para quem apelar. Uma cidade atormentada com o mau-cheiro de um medonho lixão, uma cidade sem saneamento básico, cheia de valas a céu aberto, com um índice de violência altíssimo sonhando que no futuro próximo as coisas se tornem menos difícil do que tem sido desde a sua emancipação.  

            Emancipada em 1994, na expectativa de receber pelo menos os serviços básicos de que tanto carecia, a população de Marituba optou pelo sim a emancipação e sem estrutura alguma, sem nenhum recurso, sem prédios para abrigar Câmara, Prefeitura e as secretarias básicas, depois de emancipada ainda esperou mais dois anos até que houvesse a primeira eleição e elegesse o seu primeiro prefeito e seus primeiros vereadores.

Infelizmente, a partir de sua emancipação começaram a acontecer as invasões que deram origem a diversos bairros e como consequência dessas invasões veio a grande explosão demográfica que muito rapidamente foi transformando Marituba no município mais populoso demograficamente.

 Logo depois de emancipada ao invés de ser tratada com respeito e dignidade que todo município sem infraestrutura merece para crescer, Marituba passou a sofrer nas mãos do governo do estado que passou a tratar a pobre cidade como um padrasto malvado trata sua pobre enteada; tudo de ruim começou a ser mandado do para esse pobre Município.

E como se não bastassem as invasões que se iniciaram imediatamente após a emancipação o Estado desativou o Hospital Psiquiátrico Juliano Moreira que funcionava em Belém e implantou em Marituba o CIASPA, no final do Bairro Encovile: o esgoto desse hospital Psiquiátrico era lançado nas águas dos igarapés que cortam Marituba, iniciando assim sua contaminação até a extinção dos mesmos.

E quando a população esperava que o Estado ajudasse a construir um hospital digno, boas escolas e ajudasse na infraestrutura da cidade o povo de Marituba foi  surpreendido com outra atitude de padrasto malvado e lá veio a  construção do Presídio PEM 1 e depois o PEM 2 e s seguir o PEM 3. Em seguida, sem nenhum critério de estudos de impactos de solo alguns empresários começaram a implantar cemitérios e mais cemitérios com licenças ambientais emitidas pelo governo do Estado.  E por último, não obstante a contaminação do solo pelos cemitérios, por falta de habilidade de seus últimos governantes e comodismo da grande maioria da população, para atender aos interesses de Belém e de Ananindeua, foi implantado o lixão em Marituba mesmo sem obedecer a critérios  mínimos e sem nenhum estudo sério dos impactos ambientais e dos danos que o maldito lixão poderia causar e está causando a população de Marituba com a poluição solo e com o insuportável odor que vem acometendo a  população da cidade de uma série de doenças.  E novamente, o Governo do Estado agiu como padrasto malvado de Marituba para atender aos interesses principalmente do Município de Belém.  

Sem infraestrutura sem indústrias e sem um comércio forte, não há trabalho suficiente para a grande maioria da população produtiva. Uma pequena parte da população presta serviço temporário nos órgão públicos municipais mas,  sem vínculo efetivo, havendo dispensas ao bel prazer do governante do momento. Assim, a Prefeitura acaba sendo o maior empregador do Município, mas que não consegue absorver nem 5% dos trabalhadores do município e como agravante quase 40% das vagas de emprego  das  secretarias Municipais de Marituba são ocupadas por pessoas de Belém e de outros municípios ficando grande parte dos filhos de Marituba sem trabalho.

Assim, depois de emancipada Marituba, infelizmente, apenas deixou de ser chamada de vila dormitório e passou a ser chamada de Município dormitório, visto que, a grande maioria das pessoas em idade produtiva saem do Município durante o dia para trabalhar em Belém ou em outros municípios da região metropolitana e retornam a noite as suas casas. Mas as mazelas trazidas pelo governo do Estado, a falta de postos de trabalho a falta de infraestrutura, a falta de segurança e a falta de saneamento se tornaram problemas menores depois que implantaram o lixão em Marituba.

 A partir do começo do funcionamento desse maldito lixão a população de Marituba literalmente perdeu o direito de respirar o ar puro a que antes achava que tinha direito, passando a sofrer agonizantemente, todos os dias, com o insuportável odor que predominas em toda a cidade por diversas horas do dia, principalmente de madrugada.  Esse tem sido o maior pesadelo de Marituba nos últimos nos últimos oito anos.  E ao completar 27 anos de Existência como Município, ainda sem o mínimo de infraestrutura na maioria dos bairros;  carente de escolas de Ensino Médio e de ensino Fundamental;  sem creches, sem um hospital de qualidade; sem bons supermercados que ofereçam produtos de qualidade para a população, sem opções de lazer, principalmente para a juventude;  com um sistema de transporte precário, sem um parque industrial que ofereça oportunidade de trabalho para seus moradores e com tantas outras mazelas. Essa é a triste realidade de Marituba que ao completar seus 27 anos como Município espera e  sonha com um futuro melhor visto que o presente está sendo literalmente tenebroso.    

                              Raimundo M.  de Periçá.

  

terça-feira, 20 de abril de 2021

 

 O MUNICPIPIO DE MARUTUBA 

27 ANOS DE EMANCIPAÇÃO

A história da autonomia política e econômica de Marituba, alcançada no dia 21 de abril de 1994, tem a indignação como motor do sentimento de busca pela sua emancipação. Esta indignação levou à algumas lideranças a tomar atitudes que uniram o povo, que se encontrava insatisfeito com a falta de transporte digno, de empregos, saneamento, escolas e assistência médica, a dizer sim ao desmembramento do município de Benevides.

Esta insatisfação levou a se formarem três movimentos de emancipação: o primeiro em 1983 liderado pela Comissão de Emancipação de Marituba (CEM); o segundo em 1989 liderado por Nelson Rabelo que culminou em um plesbicito com a vitória do “Não” à emancipação. O terceiro, liderado por Fernando Corrêa e Eládio Soares obteve êxito, onde, no dia 21 de abril de 1994, 12.035 (96,1%) pessoas votaram pelo “Sim” dando início à uma nova página na história do município de Marituba.

Lideranças – À frente do terceiro movimento de emancipação, que culminou com a autonomia de Marituba, estavam o ex-prefeito Fernando Corrêa e Eládio Soares. O primeiro também foi eleito como primeiro prefeito do município. O segundo (falecido em 2008) dá nome a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Marituba.

O servidor público Ivan Soares, 65 anos, é filho de Eládio Soares. Ele acompanhou todo o processo de emancipação ao lado do pai. Ele comenta que o descontentamento com a situação do município, que fazia parte de Benevides, motivou o grupo a iniciar o movimento de após duas tentativas anteriores frustrantes.

Ele conta que seu pai, Eládio Soares, era corretor de imóvel e fazia parte de um grupo que se demonstrava insatisfeito com o fato do então distrito ser relegado ao segundo plano e passaram, então, a discutir uma forma de emancipá-lo. Do grupo faziam parte políticos, empresários, jornalistas, universitários e lideranças religiosas, entre outras, que passaram a se reunir na Paróquia do Menino Deus.

A igreja, segundo o servidor, teve um papel determinante neste processo que contaram com as missas para esclarecer as pessoas sobre a necessidade de alcançar a autonomia política e econômica. “ O padre Jairo teve um papel de suma importância pois além de ceder o espaço para as reuniões da comissão, conscientizou a população através dos sermões nas missas dominicais”, destaca.

Em 1993 um “outdoor” em frente à feira de Marituba, conclamando a população a engajarem-se na luta em prol da emancipação teve grande repercussão dando início a formação da Comissão Pró-Emancipação de Marituba (COPEM), liderada primeiramente por Fernando Corrêa e, mais tarde, por Eládio Soares.

Segundo dados coletados pela (COPEM), em 1993 havia em Marituba 55 mil habitantes, 21 mil eleitores, 96 empresas de médio e grande porte, 4.863 comércios pequenos, 2 mercados públicos, 9 supermercados, 1 ginásio de esportes, 1 hospital-maternidade de urgência e emergência, 1 hospital psiquiátrico, 1 hospital dermatológico, 12 templos da Assembleia de Deus , 10 templos da Igreja Católica, 7 postos de gasolina, 2 estádios de futebol, 4 motéis, 10 panificadoras, 4 churrascarias, 9 farmácias, 35 escolas entre estaduais, municipais, conveniadas e particulares, 4 creches, a sede central da Emater, o Centro de Recurso Humanos (CTRH), e uma linha de ônibus que ia até o centro de Belém.

Após uma intensa campanha foi então que no dia 21 de abril de 1994, realizou-se um plebiscito que contou com 12.444 eleitores votantes e onde 12.035 (96,1%) pessoas votaram pelo “Sim” e 257 (2,07%) votaram pelo “Não”. A partir do dia 21 de abril do ano de 1994, Marituba passou a ser considerado um município autônomo política e economicamente. Houve todo um trabalho árduo para se chegar até este resultado. “ Todos se dedicaram muito à causa, meu pai, inclusive foi internado três vezes com esgotamento físico por causa dessa luta para emancipar”, explica Ivan. Ele também conta que grupos dos municípios vizinhos formavam uma força política contrária à emancipação.

Marituba hoje – Ao comemorar os 27 anos de sua emancipação política e econômica, Marituba apresenta hoje uma população estimada – segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – de 133.685 habitantes, um crescimento de um pouco mais de 143% com relação à população de 1994, quando da emancipação.

Apesar de ter sido criada pela Lei Estadual nº 5.857 de 22 de setembro de 1994 quando foi   desmembrada do município de Benevides, Marituba nasceu em função da Estrada de Ferro de Bragança. Para o estabelecimento da via férrea foi necessário a construção de uma vila de casas, para abrigar os operários de manutenção e demais funcionários dessa estrada.

A construção da vila foi concluída em 1907 dando origem ao povoado de Marituba. Suas terras pertenciam ao município de Belém, com a criação do município de Ananindeua, em 1943, passou a pertencer a esse novo município. Já em 1961, passou a pertencer ao município de Benevides. “ Da emancipação para cá, Marituba cresceu muito, muitas empresas vieram para Marituba depois da emancipação. Hoje temos mais opções de transporte, melhor infraestrutura, além de mais escolas e universidades que formam nossos jovens para que o município tenha um futuro melhor para sua gente”, conclui o filho de Eládio Soares.

                                                                                               Fonte COMUS - PMM

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