O Pré-Modernismo
Contexto histórico
Nos primeiros anos da
República, o Brasil foi governado por presidentes militares, era a República da
espada, 1889 a 1894; seguiram-se presidentes ligados as oligarquias rurais, cafeicultores de São Paulo e pecuaristas de
Minas Gerais que formaram a república do café com leite de
Esse período compreendido
entre 1900 e 1922 caracteriza-se pela convivência de várias correntes e estilos
literários. Ao lado do mundo cor de rosa
das elites estava a miséria do povo. Pouquíssimos foram os escritores que
voltaram os olhos de modo crítico para a realidade brasileira porque nesse
período ainda predominava o Parnasianismo e os escritores dessa corrente
estavam mais preocupados com o prestígio
social que a literatura podia lhes dar, muito mais do que com as questões
sociais desse período. Mas nesse mesmo período começa a surgir um grupo de
escritores preocupados em interpretar a
realidade brasileira revelando as tensões e os problemas sócio políticos
daquele período.
O Pré-Modernismo não é propriamente uma escola literária, designa
genericamente o período que abrange as duas primeiras décadas do século XX e
que veio criar condições para o
surgimento do Modernismo. Algumas datas podem servir de balizamento para o
período pré-modernista: Em 1902, duas
publicações podem ser tomadas como ponto de partida para o Pré-Modernismo:a publicação
de Canaã, de Graça Aranha que exprime uma visão pessimista do homem brasileiro
abordando o problema dos imigrantes europeus e a publicação de Os sertões de autoria de Euclides da Cunha.
Os pré–modernistas Lima
Barreto, Euclides da Cunha Graça Aranha
e Monteiro Lobato, foram escritores que viram com olhos críticos a realidade
nacional do começo do século XX, construindo uma obra renovadora, faz parte
desse grupo destacando-se na poesia o escritor Augusto dos Anjos. Alguns desses
escritores destacaram tanto no pré-modernismo quanto no Modernismo.
EUCLIDES DA CUNHA:
Nasceu em 1866 e morreu em 1909. Não alcançou o Modernismo. Sua
obra máxima foi Os Sertões, um ensaio sociológico e histórico em torno
da Guerra de Canudos sob uma óptica positivista e determinista. A obra divide-se
em três partes:
- A terra:
descrição minuciosa do Nordeste em seus aspectos geográficos e físicos;
_O homem:os tipos regionais brasileiros, frutos da miscigenação
entre o branco, o índio e o negro que deu origem ao sertanejo e ao jagunço
fabricado pelo meio em que vive, árido, seco, rústico e perigoso
A luta: retrato dos
conflitos, das lutas entre os jagunços e as quatro expedições de soldados até o
extermínio de Canudos.
MONTEIRO LOBATO: Paulista de Taubaté nasceu em 1882 e morreu
em 1948. Embora fosse um escritor que acreditava no progresso, cometeu o
equívoco momentâneo de criticar os modernistas de 1922 que buscavam uma arte de
reforma, concordando posteriormente com eles.
Monteiro Lobato, apesar de
destacar-se na literatura geral com temas voltados para o público adulto, seu
maior destaque foi na Literatura infanto-juvenil brasileira sendo considerado o
criador da literatura infantil no Brasil.
AUGUSTO DOS ANJOS: Nasceu no Engenho Pau D’arco no Pará e
morreu em Leopoldina, minas Gerais. Foi poeta cuja obra caracteriza-se pela
crueza de temas que giram em torno da
morte, da doença, sempre crítico e com uma linguagem exótica, agressiva, carregada de termos científicos, retrata a
angústia, e o sofrimento humano, com acentuado grau de inquietação filosófica, sobre o enigma do universo e da própria vida.
Vejamos dois de seus mais intrigantes poemas:
VERSOS ÍNTIMOS Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de sua última quimera. Somente a Ingratidão – esta pantera – Foi tua companheira inseparável! Acostuma-te à lama que te espera! O homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável Necessidade de também ser fera. Toma um fósforo. Acende teu cigarro! O beijo, amigo, é a véspera do
escarro, A mão que afaga é a mesma que
apedreja. Se alguém causa inda pena a tua
chaga, Apedreja essa mão vil que te afaga, Escarra nessa boca que te beija! Augusto dos Anjos |
Profundissimamente
hipocondríaco, Já o verme —
este operário das ruínas – Anda a espreitar
meus olhos para roê-los, |