terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

                                                                                                                                                                                                                                                                                              O Pré-Modernismo

                                     Contexto histórico

      Nos primeiros anos da República, o Brasil foi governado por presidentes militares, era a República da espada, 1889 a 1894; seguiram-se presidentes ligados as oligarquias rurais,  cafeicultores de São Paulo e pecuaristas de Minas Gerais que formaram a república do café com leite de 1894 a 1930. Foi um período marcado por insurreições e revoltas por todo o país:  Guerra de Canudos, na Bahia; Revolta da Vacina, e  Revolta da chibata no Rio de Janeiro; Guerra do contestado, em Santa Catarina.  São Paulo era palco de inúmeras greves. Os antigos escravos eram marginalizados e os imigrantes europeus chegavam para trabalhar nas lavouras ou nas indústrias recém-criadas. O nordeste vivia a estagnação económica e os bandos de cangaceiros assaltavam propriedades; as secas levavam a morte milhares de sertanejos.

      Esse período compreendido entre 1900 e 1922 caracteriza-se pela convivência de várias correntes e estilos literários.  Ao lado do mundo cor de rosa das elites estava a miséria do povo. Pouquíssimos foram os escritores que voltaram os olhos de modo crítico para a realidade brasileira porque nesse período ainda predominava o Parnasianismo e os escritores dessa corrente estavam  mais preocupados com o prestígio social que a literatura podia lhes dar, muito mais do que com as questões sociais desse período. Mas nesse mesmo período começa a surgir um grupo de escritores  preocupados em interpretar a realidade brasileira revelando as tensões e os problemas sócio políticos daquele período.

      O Pré-Modernismo não é propriamente uma escola literária, designa genericamente o período que abrange as duas primeiras décadas do século XX e que veio criar condições para o surgimento do Modernismo. Algumas datas podem servir de balizamento para o período pré-modernista:  Em 1902, duas publicações podem ser tomadas como ponto de partida para o Pré-Modernismo:a publicação de Canaã, de Graça Aranha que exprime uma visão pessimista do homem brasileiro abordando o problema dos imigrantes europeus e a publicação  de Os sertões de  autoria de Euclides da Cunha.            

      Os pré–modernistas Lima Barreto, Euclides da Cunha  Graça Aranha e Monteiro Lobato, foram escritores que viram com olhos críticos a realidade nacional do começo do século XX, construindo uma obra renovadora, faz parte desse grupo destacando-se na poesia o escritor Augusto dos Anjos. Alguns desses escritores destacaram tanto no pré-modernismo quanto no Modernismo.

 

EUCLIDES DA CUNHA:  Nasceu em 1866 e morreu em 1909. Não alcançou o Modernismo.  Sua  obra máxima foi Os Sertões, um ensaio sociológico e histórico em torno da Guerra de Canudos sob uma óptica positivista e determinista. A obra divide-se em três partes:

- A terra: descrição minuciosa do Nordeste em seus aspectos geográficos e físicos;

 _O homem:os tipos regionais brasileiros, frutos da miscigenação entre o branco, o índio e o negro que deu origem ao sertanejo e ao jagunço fabricado pelo meio em que vive, árido, seco, rústico e perigoso

A luta: retrato dos conflitos, das lutas entre os jagunços e as quatro expedições de soldados até o extermínio de Canudos.

 

MONTEIRO LOBATO: Paulista de Taubaté nasceu em 1882 e morreu em 1948. Embora fosse um escritor que acreditava no progresso, cometeu o equívoco momentâneo de criticar os modernistas de 1922 que buscavam uma arte de reforma, concordando posteriormente com eles. 

      Monteiro Lobato, apesar de destacar-se na literatura geral com temas voltados para o público adulto, seu maior destaque foi na Literatura infanto-juvenil brasileira sendo considerado o criador da literatura infantil no Brasil.

 

AUGUSTO DOS ANJOS: Nasceu no Engenho Pau D’arco no Pará e morreu em Leopoldina, minas Gerais. Foi poeta cuja obra caracteriza-se pela crueza de temas  que giram em torno da morte, da doença,  sempre crítico e  com uma linguagem exótica, agressiva,   carregada de termos científicos, retrata a angústia, e o sofrimento humano, com acentuado grau de inquietação filosófica,  sobre o enigma do universo e da própria vida. Vejamos dois de seus mais intrigantes poemas:

              VERSOS ÍNTIMOS 

Vês! Ninguém assistiu ao formidável Enterro de sua última quimera.

Somente a Ingratidão – esta pantera –

 Foi tua companheira inseparável!

 

Acostuma-te à lama que te espera!

O homem, que, nesta terra miserável, Mora, entre feras, sente inevitável Necessidade de também ser fera.

 

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!

O beijo, amigo, é a véspera do escarro,

A mão que afaga é a mesma que apedreja.

 

Se alguém causa inda pena a tua chaga, Apedreja essa mão vil que te afaga, Escarra nessa boca que te beija!

                                Augusto dos Anjos

 PSICOLOGIA DE UM VENCIDO               Eu, filho do carbono e do amoníaco,   Monstro de escuridão e rutilância,          Sofro, desde a epigênesis da infância,           A influência má dos signos do zodíaco.

Profundissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância…
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.

Já o verme — este operário das ruínas –
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,

Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há de deixar-me apenas os cabelos,                 
Na frialdade inorgânica da terra!                             Augusto dos Anjos


 

FRUTOS DE UMARI


           Esse é o umari original, comestível e muito saboroso, do tipo que havia em Marituba e foi extinto. Aliás havia em Marituba dois tipos de umari: o umari liso, todo amarelo quando maduro e o umari pirento que apesar de amarelo, também,  quando maduro, apresenta umas pintinhas pretas. Esses dois tipos ainda existem em abundância em Sto Antônio do Tauá. Aquela árvore de umari que temos em frente a Igreja Matriz de Marituba é de umari-boi, foi trazida de Terra Alta , não é originária de Marituba e os frutos não são comestíveis.


  O ROMANCE E A NOVELA (Por Orlando Tadeu Ataíde Leite)       Pois bem, vamos lá.       Diferentemente do conto e da crônica o romance e a n...