E A PROPAGANDA “NÃO VENDA O SEU VOTO”
Já vem se aproximando mais um
período eleitoral. _Lá vem, novamente, a
propaganda obrigatória eleitoral “gratuita”. Essa nomenclatura é bastante contraditória,
parece até que o povo acredita no faz de conta. É possível que alguém creia,
realmente, que a propaganda veiculada na televisão e nas emissoras de rádio
seja mesmo gratuita? _ Como se nós, os
contribuintes, não fôssemos, de uma forma ou de outra, os pagantes por essa tal
propaganda eleitoral que durante um longo período é veiculada e que, aliás,
pouquíssimas pessoas se propõem a
assistir, salvo, por obrigação os assessores jurídicos dos candidatos e os cabos
eleitorais desses candidatos.
A propaganda eleitoral na
televisão e no rádio seria apenas mais
um instrumento de campanha, mas torna-se algo até agressivo e repulsivo, da maneira que se nos impõem, tornando-se mais
um entre os muitos despropósitos do período eleitoral que se intensifica, quando
a grande maioria dos “pretensos defensores do povo”, salvo raríssimas exceções,
mostram a cara, após terem ficado longe do povo, nos gabinetes, entre acordos,
conchavos, votações de mirabolantes projetos, emendas e resolvendo suas vidas bem
como de seus partidos, apresentando-se como pseudo-defensores do povo. Mas do
seu povo, ou seja, de seu grupo e partido em primeiro lugar.
Diretamente ligado às eleições, não
menos relevante que o horário eleitoral “gratuito” é o grande volume de
dinheiro público, diga-se de passagem, nosso dinheiro, pois tudo sai da grande
carga de impostos que somos obrigados a pagar; dinheiro esse, empregado nas
campanhas feitas pelo governo com vistas a convencer os cidadãos e as cidadãs a
não venderem seus votos.
Essas campanhas de conscientização,
que geralmente se intensificam no período eleitoral, parecem caras demais para
o resultado obtido, que é quase nenhum. Fica muito a quem da eficácia obtida
por alguns professores que corajosamente conscientizam seus alunos tentando
salva-los da alienação.
Usar uma campanha feita com
sofisticado aparato de marketing, só para dizer ao eleitor que ele não deve
vender o seu voto, para a grande maioria dos pobres, desempregados, sem teto e
sem pão, que amargam a miséria que lhes é imposta, com grande culpa da classe
política. _ Do modo que é feito, nos
parece um desperdício. E qual é a eficácia de uma campanha dessas? _ Para ser
razoável: quase nenhuma!
Essas campanhas “Não venda seu voto”, realizada
pelo aparelho governamental, a cada período eleitoral tem se mostrado cada vez mais
ineficaz. Não comove e nem demove de seus sinistros propósitos o seu público
alvo, ou seja, os eleitores empobrecidos e em condições de miséria. _ E qual é
esse propósito desse eleitor desamparado? _ Não perder a grande oportunidade
que o período eleitoral lhe oferece de ganhar um dinheirinho, usufruir nem que
seja de uma migalha dos tantos milhões que são gastos nas campanhas eleitorais.
Agindo assim, esses eleitores, antecipadamente, abrem mão de seu direito de se
fazerem representar em qualquer uma das esferas parlamentares.
Ao vender ou trocar o seu voto
elegendo políticos descompromissados com as causas sociais _ que aos montes se
encontram em nosso meio! _ Os eleitores abrem mão de seus direitos. _Direitos
esses que a grande maioria desconhece e, por isso, os trocam por uns poucos reais,
por um remédio, por uma conta de luz, um botijão de gás, etc. _Mas é uma única
e efêmera vez em quatro anos! _ E depois
o que resta a esses eleitores? _Mais nada!
_É uma prática ilícita e criminosa,
muito mais por parte dos políticos que se beneficiam da miséria alheia. E quem
vende o voto, ressalvadas as devidas proporções é tão infrator quanto quem o
compra. Mas, quem pode condenar um pobre
ignorante, politicamente falando, que vende o seu voto?
Podemos pedir veemente condenação a esse
pobre miserável eleitor cuja necessidade fala mais alto do que qualquer lampejo
de consciência? _ Essa prática vai continuar ocorrendo ainda por muitos anos! _
Porque a Justiça é cega usando apenas o tato ela demora demais para encontrar
os culpados e quando os acha, quase sempre,
já é tarde! _ Como se pode mudar esse quadro daqui a décadas
futuras? _ Só por meio da educação através de seus principais agentes, ou seja,
os Professores. Esses podem mudar esse quadro.
E aqueles que estão nas mais altas esferas do poder, sabem muito bem disso, mas preferem
ficar apenas na teoria. É justamente por
isso que encontramos como mazelas do Brasil desvios verbas da educação,
professores mal pagos, escolas sucateadas, municípios que há anos não fazem
concurso público, mantendo no cabresto os servidores contratados, calando a voz
crítica e conscientizadora de muitos professores, pois criticar ou esclarecer
aos alunos é sinônimo desemprego. Parece o caos, mas ainda não é!
_ Ainda há esperança mesmo remando
contra as mazelas do sistema, um dia pela educação transformaremos esse Brasil.
Professor Francisco Poeta