quinta-feira, 23 de junho de 2022

 

                                              Foto: Juramento de posse                                                                                                                   da Academia de Letras Maritubense. ALMARI                                                                                               A esquerda da Prefeita Patrícia Mendes o Professor Francisco Poeta presidente                                             da Academia e a  Direita o Acadêmico Dr. Lázaro Falcão  e o Secretário de                                                    Cultura Igor Castro


  •   CONHECENDO A LITERATURA PARAENSE


Traços biográficos

           Maria Lúcia Fernandes de Medeiros, Maria Lúcia ou simplesmente Lucinha, nasceu em Bragança, em 15 de fevereiro de 1942. Apaixonada por sua terra natal, morou em Bragança até os 12 anos, quando se mudou com parte da família para Belém, onde graduou-se em Licenciatura Plena em Letras, pela Universidade Federal do Pará, aonde atuou como pesquisadora e docente. Sempre que podia, visitava seus conterrâneos e distribuía carinho e conversas à tarde com seus amigos                                  Foi a primeira professora de Redação e de Literatura Infanto-juvenil, disciplina que ajudou a inserir no desenho curricular do Curso de Letras da Universidade Federal do Pará, à época. Era também uma grande colaboradora da Universidade da Amazônia (UNAMA) em Belém, envolvida em projetos e palestras, chegando a publicar textos de sua autoria na revista da UNAMA intitulada Asas da Palavra, desde 1995.                                                                                                                                                               Sobre Bragança, Maria Lúcia deixa uma pista em seu depoimento no documentário intitulado A Escritura Veloz, de Mariano Klautau Filho (produção independente, em VHS, de 1994): “Eu nasci em Bragança, uma cidade simples do interior, com um trem de ferro e um rio na frente. Tive, portanto, uma infância bem brasileira: quintal, primos, frutas, tios, igreja, cinema Olympia. Em Belém já cheguei quase adolescente e meus fantasmas viviam sob as mangueiras, nas ruas largas, na arquitetura imponente de uma cidade de 250 mil habitantes que era Belém dos anos 50.                                                     Quando descobri os livros, descobri um outro jeito de viver. Personagens, situações, lugares ajudavam meu aprendizado do mundo. Ler para mim sempre foi uma salvação. Agora, escrever, acho que sempre escrevi. Lembro que muito menina eu me recolhia e escrevia, escrevia para mim”                          Sobre Bragança, Maria Lúcia deixa uma pista em seu depoimento no documentário intitulado A Escritura Veloz, de Mariano Klautau Filho (produção independente, em VHS, de 1994):                                   “Eu nasci em Bragança, uma cidade simples do interior, com um trem de ferro e um rio na frente. Tive, portanto, uma infância bem brasileira: quintal, primos, frutas, tios, igreja, cinema Olympia. Em Belém já cheguei quase adolescente e meus fantasmas viviam sob as mangueiras, nas ruas largas, na arquitetura imponente de uma cidade de 250 mil habitantes que era Belém dos anos 50   Quando descobri os livros, descobri um outro jeito de viver. Personagens, situações, lugares ajudavam meu aprendizado do mundo. Ler para mim sempre foi uma salvação. Agora, escrever, acho que sempre escrevi. Lembro que muito menina eu me recolhia e escrevia, escrevia para mim”.                                              A escritora, a pesquisadora, a professora e a bragantina. 
        Com sua seriedade foi uma escritora de excelente produção literária, além da função de professora e poeta. Reconhecida como uma das maiores contistas paraenses. Tornou-se um dos mais importantes ícones literários do Pará. Seus livros falam de sentimentos, entre eles a angústia e a solidão, com destaque para o viés emocional e da personalidade da escritora bragantina e são ambientados numa época chamada por ela de “modernidade”. Um exemplo disso é o livro Horizonte Silencioso, em que se destaca uma linguagem de enorme nostalgia, quando Maria Lúcia abordava a mudança do tempo, aspectos de sua infância e adolescência.                                                                                                                Seus textos eram fortes e quase autobiográficos. Sua escrita marcante era facilmente descoberta por seus leitores e admiradores da sua obra. Entre seus livros mais lidos estão os contos em Velas por quem? e Zeus ou a Menina e os Óculos.


Imagem 2: Capa de Zeus ou a Menina e os Óculos, livro de Maria Lúcia Medeiros, com arte de Valdir Sarubi.               Acervo pessoal

.Em sua atuação como professora, ajudou a realizar o processo de registro e de tombamento em nível de Estado da Residência da família Medeiros, situada em Bragança, local onde ela costumava se hospedar  nas suas visitas à terra natal.

Alguns de seus livros já foram listados entre as leituras obrigatórias de processos seletivos da UFPA, assim como em salas de aulas do Ensino Médio por todo o Estado. Lucinha também ajudou a fundar a Casa da Linguagem, sendo uma de suas consultoras.

Foi homenageada na Feira Pan-Amazônica do Livro no ano de 2004, com um sarau intitulado “O elemento fabuloso da narrativa de Maria Lúcia Medeiros”. No mesmo evento, o curta-metragem Chuvas e Trovoadas, filme baseado na obra homônima de Lucinha foi apresentado, sob a direção de Flávia Alfinito. No filme ambientando em Belém, quatro moças são estudantes de corte e costura em algumas tardes do período da Belle-Époque amazônica.

A película de Flávia Alfinito, produzida de forma independente, conta com a narração do ator José Mayer e a participação das atrizes Patrícia França, Suzana Faine, Andréia Rezende, Andreia Paiva e Francis, recebendo o prêmio de Melhor Fotografia no Festival de Gramado, principal premiação do cinema brasileiro, em 1995.

O último texto escrito por Maria Lúcia Medeiros, na Ilha de Mosqueiro, em abril de 2005, tinha como título Don Quixote veio de trem, momento em que ela já estava bastante doente e com boa parte de seus movimentos comprometidos (clique aqui para ler o texto).

Em suas passagens por Bragança, sempre visitava amigos e conversava com seus contemporâneos, além de participar de eventos. Entre esses eventos, participou da VII Feira de Ciências da EEEFM Bolívar Bordallo da Silva, acompanhada da Prof.ª Mariana Bordallo, mantendo contato com professores e alunos daquele estabelecimento de ensino, em especial, no Projeto Revivendo Bragança.







quarta-feira, 22 de junho de 2022

 



                               Professor Francisco Poeta Presidente da ALMARI,  entregando Diploma de                                                                                        Acadêmica Honorária à Prefeita de Marituba Sra. Patrícia Mendes

 

 





                                                          Professor Francisco Poerta                                                                                                                             Presidente  da ALMARI                                                                                                                         Academia de Letras Marritubense

 

HISTÓRICO DA ACADEMIA DE LETRAS MARITUBENSE – ALMARI                             Academia Maritubense de letra de Letras, teve suas origens relacionada a uma feira de apresentações de atividades escolares a que costumavam denominar de feira do livro ocorrida de 04 a 07 de dezembro de 2017. Encontravam-se nessa feria as escritoras Luciane Cunha, Lia Oliveira, Margaret Resque e os escritores Francisco Poeta, Luís Bernardino, Eloísio Vasconcelos, Francisco Teotônio, Edvan Brandão, além do compositor Dilton Oliveira, autor do Hino de Marituba e que era um dos coordenadores daquele evento escolar.                                                                      No último dia do referido evento a escritora Luciane cunha propôs que os escritores ali presentes passassem a se encontrar para troca de informações e até mesmo ajudar-se mutuamente, assim seria criada uma associação de poetas e escritores de Marituba. Com esse propósito, fizeram a primeira reunião no dia 14 de dezembro de 2017 na biblioteca Pública denominada Reunião de Escritores e Poetas de Marituba, conforma ata elaborada pela escritora Luciane Cunha. Fundava-se ali a Associação Letras e Artes de Marituba (ALAM). Mas logo na reunião seguinte, ou seja, na segunda reunião, realizada da em janeiro de 2018, o Professor Francisco Poeta Propôs que ao invés de uma simples associação se criasse uma Academia.                                     E assim então surgiu a Academia de Letras Maritubense ideia que foi acatada por todos os 09 escritores que se reuniam na Biblioteca pela 2ª vez, tendo como seus criadores: Luciane Cunha, Lia Oliveira, Margaret Resque e os escritores Francisco Poeta, Luís Bernardino, Eloísio Vasconcelos, Francisco Teotônio, Edvan Brandão) aquele mesmo grupo de escritores que se reuniu desde aquela pseuda feira de livros.                                                                                    Na 3ª Reunião realizada também em janeiro de 2018 veio somar-se ao grupo o escritor Dilermando Serrão que a convite do Professor Poeta passou a integrar o grupo que aos poucos cresceria. Assim realizaram-se mais quatro reuniões em 2018. Em 2019 outros escritores vieram fazer parte da Academia para discussão de uma proposta de Estatuto elaborada pelo Professor Poeta e que aos poucos foi sendo aprimorada, neste mesmo ano o Escritor.                                                                                                  Apenas 04 Reuniões foram realizadas no ano de 2019 e a Academia já contava com 16 membros efetivos cuja maioria frequentou as 05 reuniões realizadas com o intuito de aprimorar o Estatuto. Em 2020, em virtude da Pandemia só duas reuniões foram realizadas a 1ª em março do e a 2ª em dezembro ano.        Em 2021 ingressaram na Academia o Escritor Lázaro Falcão tendo o mesmo apresentado a proposta de mudança da nomenclatura de Academia de Letras Maritubense ALM, para Academia Maritubense de Letras cuja sigla é ALMARI, ideia que foi aprovada na 1ª Reunião realizada em fevereiro de 2021. Nesse mesmo período o Escritor Edvan Brandão criou a Logomarca da Academia e O Doutor Lázaro Falcão assumiu os trabalhos de elaboração do Estatuto e do Regimento interno com a colaboração do Professor Francisco Poeta.                                                          Em março de 2021 foi aprovado o Estatuto e eleita oficialmente a primeira diretoria conforme ata redigida pela então Secretária Luciane Cunha. De lá para cá seguiram-se as reuniões ordinárias e as reuniões extraordinárias sempre na Biblioteca Pública de Marituba nossa sede Provisória, em parceria com a Secretaria de Cultura e com a Direção da Biblioteca.                                E tendo se instituído com entidade Literária de grande importância para o Cenário cultural de nosso município hoje orgulhosamente tomamos posse como os imortais das letras e da cultura Maritubense.   

 

          

terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

                                                                                                                                                                                                                                                                                              O Pré-Modernismo

                                     Contexto histórico

      Nos primeiros anos da República, o Brasil foi governado por presidentes militares, era a República da espada, 1889 a 1894; seguiram-se presidentes ligados as oligarquias rurais,  cafeicultores de São Paulo e pecuaristas de Minas Gerais que formaram a república do café com leite de 1894 a 1930. Foi um período marcado por insurreições e revoltas por todo o país:  Guerra de Canudos, na Bahia; Revolta da Vacina, e  Revolta da chibata no Rio de Janeiro; Guerra do contestado, em Santa Catarina.  São Paulo era palco de inúmeras greves. Os antigos escravos eram marginalizados e os imigrantes europeus chegavam para trabalhar nas lavouras ou nas indústrias recém-criadas. O nordeste vivia a estagnação económica e os bandos de cangaceiros assaltavam propriedades; as secas levavam a morte milhares de sertanejos.

      Esse período compreendido entre 1900 e 1922 caracteriza-se pela convivência de várias correntes e estilos literários.  Ao lado do mundo cor de rosa das elites estava a miséria do povo. Pouquíssimos foram os escritores que voltaram os olhos de modo crítico para a realidade brasileira porque nesse período ainda predominava o Parnasianismo e os escritores dessa corrente estavam  mais preocupados com o prestígio social que a literatura podia lhes dar, muito mais do que com as questões sociais desse período. Mas nesse mesmo período começa a surgir um grupo de escritores  preocupados em interpretar a realidade brasileira revelando as tensões e os problemas sócio políticos daquele período.

      O Pré-Modernismo não é propriamente uma escola literária, designa genericamente o período que abrange as duas primeiras décadas do século XX e que veio criar condições para o surgimento do Modernismo. Algumas datas podem servir de balizamento para o período pré-modernista:  Em 1902, duas publicações podem ser tomadas como ponto de partida para o Pré-Modernismo:a publicação de Canaã, de Graça Aranha que exprime uma visão pessimista do homem brasileiro abordando o problema dos imigrantes europeus e a publicação  de Os sertões de  autoria de Euclides da Cunha.            

      Os pré–modernistas Lima Barreto, Euclides da Cunha  Graça Aranha e Monteiro Lobato, foram escritores que viram com olhos críticos a realidade nacional do começo do século XX, construindo uma obra renovadora, faz parte desse grupo destacando-se na poesia o escritor Augusto dos Anjos. Alguns desses escritores destacaram tanto no pré-modernismo quanto no Modernismo.

 

EUCLIDES DA CUNHA:  Nasceu em 1866 e morreu em 1909. Não alcançou o Modernismo.  Sua  obra máxima foi Os Sertões, um ensaio sociológico e histórico em torno da Guerra de Canudos sob uma óptica positivista e determinista. A obra divide-se em três partes:

- A terra: descrição minuciosa do Nordeste em seus aspectos geográficos e físicos;

 _O homem:os tipos regionais brasileiros, frutos da miscigenação entre o branco, o índio e o negro que deu origem ao sertanejo e ao jagunço fabricado pelo meio em que vive, árido, seco, rústico e perigoso

A luta: retrato dos conflitos, das lutas entre os jagunços e as quatro expedições de soldados até o extermínio de Canudos.

 

MONTEIRO LOBATO: Paulista de Taubaté nasceu em 1882 e morreu em 1948. Embora fosse um escritor que acreditava no progresso, cometeu o equívoco momentâneo de criticar os modernistas de 1922 que buscavam uma arte de reforma, concordando posteriormente com eles. 

      Monteiro Lobato, apesar de destacar-se na literatura geral com temas voltados para o público adulto, seu maior destaque foi na Literatura infanto-juvenil brasileira sendo considerado o criador da literatura infantil no Brasil.

 

AUGUSTO DOS ANJOS: Nasceu no Engenho Pau D’arco no Pará e morreu em Leopoldina, minas Gerais. Foi poeta cuja obra caracteriza-se pela crueza de temas  que giram em torno da morte, da doença,  sempre crítico e  com uma linguagem exótica, agressiva,   carregada de termos científicos, retrata a angústia, e o sofrimento humano, com acentuado grau de inquietação filosófica,  sobre o enigma do universo e da própria vida. Vejamos dois de seus mais intrigantes poemas:

              VERSOS ÍNTIMOS 

Vês! Ninguém assistiu ao formidável Enterro de sua última quimera.

Somente a Ingratidão – esta pantera –

 Foi tua companheira inseparável!

 

Acostuma-te à lama que te espera!

O homem, que, nesta terra miserável, Mora, entre feras, sente inevitável Necessidade de também ser fera.

 

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!

O beijo, amigo, é a véspera do escarro,

A mão que afaga é a mesma que apedreja.

 

Se alguém causa inda pena a tua chaga, Apedreja essa mão vil que te afaga, Escarra nessa boca que te beija!

                                Augusto dos Anjos

 PSICOLOGIA DE UM VENCIDO               Eu, filho do carbono e do amoníaco,   Monstro de escuridão e rutilância,          Sofro, desde a epigênesis da infância,           A influência má dos signos do zodíaco.

Profundissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância…
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.

Já o verme — este operário das ruínas –
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,

Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há de deixar-me apenas os cabelos,                 
Na frialdade inorgânica da terra!                             Augusto dos Anjos


 

FRUTOS DE UMARI


           Esse é o umari original, comestível e muito saboroso, do tipo que havia em Marituba e foi extinto. Aliás havia em Marituba dois tipos de umari: o umari liso, todo amarelo quando maduro e o umari pirento que apesar de amarelo, também,  quando maduro, apresenta umas pintinhas pretas. Esses dois tipos ainda existem em abundância em Sto Antônio do Tauá. Aquela árvore de umari que temos em frente a Igreja Matriz de Marituba é de umari-boi, foi trazida de Terra Alta , não é originária de Marituba e os frutos não são comestíveis.


domingo, 24 de outubro de 2021

         ESCOLA NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO - ENSINO MÉDIO REGULAR                                    PROFESSOR    FRANCISCO POETA  - LITERATURA BRASILEIRA                              CONTEÚDO PARA TURMAS DE 3º ANO                               

O Modernismo no Brasil

O modernismo no Brasil foi um movimento artístico, cultural e literário que se caracterizou pela liberdade estética, o nacionalismo e a crítica social.

Inspirado pelas inovações artísticas das vanguardas europeias (cubismo, futurismo, dadaísmo, expressionismo e surrealismo), ele teve como marco inicial a Semana de Arte Moderna, que aconteceu entre os dias 11 e 18 de fevereiro de 1922, no Teatro   Municipal de São Paulo.

Naquele período, no Brasil,  o cenário era de insatisfação, pois muitas pessoas consideravam a política, a economia e a cultura estagnadas. Parte disso estava relacionado com o modelo político vigente baseado na política do café com leite.

Com o poder concentrado nas mãos de grandes fazendeiros, paulistas e mineiros se revezavam no poder. Isso ocorreu até 1930, quando um golpe de estado depôs o presidente Washington Luís, pondo fim à República velha. Foi nesse cenário de incertezas que um grupo de artistas, empenhados em propor uma renovação estética na arte, apresentam um novo olhar, mais libertário, contrário ao tradicionalismo e o rigor estético.  Assim, surge a Semana de Arte Moderna, liderada pelo chamado “Grupo dos cinco”: Anita Malfatti, Mário de Andrade, Menotti del Picchia, Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral.

Esse evento, que reuniu diversas apresentações e exposições, colaborou com o surgimento de revistas, manifestos, movimentos artísticos e grupos com experimentações estéticas inovadoras. Tudo isso permitiu consolidar as ideias modernistas e inaugurar o movimento no país.

Contexto histórico do modernismo no Brasil

O modernismo no Brasil surge logo após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) que levou a morte de milhares de pessoas, a destruição de diversas cidades e a instabilidade política e social. Assim, numa tentativa de reestruturar o país politicamente, e também o campo das artes - estimulado pelas vanguardas europeias -, encontra-se a motivação para romper com o tradicionalismo.

No país, o movimento modernista surgiu na segunda fase da República velha (1889-1930), chamada de República das Oligarquias ou República do café com leite. Nesse contexto, o poder era revezado entre paulistas e mineiros e dominado por aristocratas fazendeiros. Em decorrência disso e do aumento da inflação que fazia aumentar a crise e propulsionava greves e protestos, o momento era de insatisfação. Ao mesmo tempo, o movimento tenentista ganhava força e tentava derrubar o esquema das oligarquias, cujo poder estava concentrado nas mãos das elites agrárias tradicionais.

Algumas revoltas que aconteceram nesse momento pelos tenentistas foram: a revolta do forte de Copacabana, em julho de 1922, no Rio de Janeiro; a revolta paulista de 1924, que ocorreu na cidade de São Paulo; e a Coluna Prestes (1925-1927). Todas elas reivindicavam o fim da República Velha e do sistema oligárquico.  A crise econômica gerada pela quebra da bolsa de valores de Nova Iorque, em 1929, acelerou esse processo e essa mudança foi alcançada com a Revolução de 30. Assim, um golpe de estado depôs o presidente Washington Luís e marcou o fim da República velha. Começa, então, a Era Vargas que durou até 1945, ano que termina da Segunda Guerra Mundial.                                    

                                                     Fases do modernismo no Brasil

O modernismo no Brasil foi um longo período (1922-1960) que reuniu diversas características e obras, por isso, esteve  dividido em três fases, também chamadas de gerações:

·       Primeira fase modernista (1922-1930) - a fase heroica ou de destruição

·       Segunda fase modernista (1930-1945) - a fase de consolidação ou geração de 30

·       Terceira fase modernista (1945-1960) - a geração de 45

 

Primeira fase modernista no Brasil (1922-1930)

A primeira fase do modernismo esteve voltada para a busca de uma identidade nacional. Nesse momento, diversos artistas aproveitaram a agitação causada pela semana de arte moderna para romper com os modelos preconcebidos que, segundo eles, eram limitados e impediam a criatividade.  Inspirado nas ideias das vanguardas artísticas europeias, os artistas buscam uma renovação estética. Por esse motivo, ela é conhecida como a "fase heroica", sendo a mais radical de todas. É também chamada de "fase de destruição", pois propunha a destruição dos modelos que vigoravam no cenário artístico-cultural do país.

A consolidação de uma arte genuinamente brasileira possibilitou a valorização da cultura e do folclore. Junto a isso, os artistas estabelecem a liberdade formal, rompendo com a sintaxe e utilizando uma linguagem mais coloquial para se aproximar da fala cotidiana. Muitas revistas e manifestos foram criados, o que fez surgir alguns movimentos, dos quais se destacam: o movimento pau-brasil, o movimento antropofágico, o movimento regionalista e o movimento verde-amarelo.

As vanguardas europeias

Chamamos de Vanguardas Europeias o conjunto de tendências artísticas – em sua maioria provenientes de Paris, então, centro cultural da Europa – que provocou ruptura com a tradição cultural do século XIX. As correntes de vanguarda surgiram antes, durante e depois da Primeira Guerra Mundial, introduzindo uma estética marcada pela experimentação e pela subjetividade que influenciaria fortemente diversas manifestações artísticas em todo o mundo. As vanguardas apresentaram ao mundo uma nova maneira de fazer Arte, pautada na liberdade de criação e no rompimento com o passado cultural tradicionalista.

Cubismo:  Les demoiselles d\'Avignon, de Pablo Picasso, deu início ao Cubismo, uma das tendências artísticas das Vanguardas Europeias, no início do século XX. O Cubismo deixou suas marcas ao imprimir novas técnicas narrativas que fragmentavam a realidade e permitiam uma desconstrução da visão clássica sobre o tempo e o espaço. Na Literatura Brasileira, sua influência pode ser percebida através da leitura do livro Memórias Sentimentais de João Miramar, de Oswald de Andrade.

Futurismo:  Difundido principalmente através de manifestos, o Futurismo foi o movimento mais radical e subversivo entre as tendências vanguardistas. No Brasil, características do Futurismo podem ser percebidas na obra literária de Mário de Andrade.

Expressionismo: Tendência artística que valorizava a subjetividade, o Expressionismo surgiu no começo do século XX, representado por pintores alemães e franceses. Opondo-se à estética impressionista, os expressionistas preconizavam a arte como elemento legítimo para expressão dos sentimentos do artista.

Dadaísmo: Criado na Suíça durante a Primeira Guerra Mundial, o Dadaísmo surgiu como resposta ao clima de instabilidade provocado pelo conflito bélico. Sua principal característica era uma linguagem permeada pelo deboche e pelos ilogismos dos textos, além da aversão a qualquer conceito racionalizado sobre a arte.

Surrealismo: Surgido na França em 1924, o Surrealismo defendeu a criação através das experiências nascidas no imaginário e da atmosfera onírica. Na Literatura Brasileira, influenciou escritores como Oswald e Mário de Andrade e, posteriormente, Murilo Mendes e Jorge de Lima.

Características da primeira fase do modernismo no Brasil

·       Foi fase mais radical e nacionalista;

·       Buscava  uma identidade nacional;

·       Defendia a liberdade formal com rupturas da sintaxe;

·       Enfatizava a presença de regionalismos e linguagem informal;

·       Enfatizava a valorização do folclore, arte e cultura popular brasileira;

·       Defendia  o uso de versos livres, que não possuem métrica (medida);

·       Defendia uso de versos brancos, com ausência de rimas;

·       Defendia a livre utilização do sarcasmo e da ironia nos textos literários.

                           Autores e obras da primeira fase modernista no Brasil                                               Os escritores e as obras mais relevantes da primeira geração modernista, foram:

· Mario de Andrade (1893-1945) - Obras: Paulicéia Desvairada (1922), Amar, Verbo Intransitivo (1927) e Macunaíma (1928).

·  Oswald de Andrade (1890-1954) - Obras: Os condenados (1922), Memórias Sentimentais de João Miramar (1924) e Pau Brasil (1925).

·      Manuel Bandeira (1886-1968) - Obras: A cinza das horas (1917), Carnaval (1919) e Libertinagem (1930)

Poética

Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público

com livro de ponto expediente
protocolo e manifestações de apreço ao Sr. Diretor.

Estou farto do lirismo

que pára e vai averiguar no dicionário o
cunho vernáculo de um vocábulo.

Abaixo os puristas

Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbados
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare

 1. Dentre as tendências da vanguarda europeia que influenciaram o modernismo brasileiro destacaram-se:

a) Futurismo, Expressionismo, Cubismo, dadaísmo e Surrealismo

b) Romantismo, Mimetismo, Realismo, impressionismo e, Dadaísmo

c) Futurismo, Anarquismo, Dadaísmo e Impressionismo

d) Dadaísmo,  Impressionismo, Anarquismo e Futurismo 

2ª -QUESTÃO

PRONOMINAIS

Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco

Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro.

(Pronominais, Oswald de Andrade)

Oswald de Andrade foi um dos principais autores da primeira fase do modernismo no Brasil. Na poesia acima, o escritor propõe:

a) a busca de uma identidade universal.
b) a valorização da linguagem coloquial brasileira.
c) uma crítica aos maus hábitos, como o tabagismo.
d) enfatizar a relação entre professor e aluno.
e) o repensar uso do português do Brasil.

3.  Associe as colunas de acordo com as informações sobre os movimentos de vanguarda europeia:

( 1 ) DADAISMO       

( 2 ) EXPRESSIONI

( 3 ) CUBISMO            

( 4 ) FUTURISMO

 

(    ) Propunham rompimento e abandono do passado  

(    ) Não refletia nenhum significado lógico

(    ) Pregava oposição as regras  do mundo oficial  

(    ) Representação do mundo de forma reorganizada

 a) 4, 3, 2, 1    

b) 4, 1, 2, 3    

c) 3, 2, 4, 1     

d) 2,1,4,3


— Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.

4. A primeira geração modernista ficou conhecida como “fase heroica” por tentar criar uma identidade mais brasileira se afastando dos moldes europeus. Assim, houve diversos grupos, revistas e manifestos que foram criados nesse momento, exceto:

a) Movimento Verde-Amarelo
b) Revista Klaxon
c) Movimento Pau-Brasil
d) Movimento Antropofágica

5. A Semana de arte moderna, ocorrida em 1922, inaugurou o movimento modernista no Brasil. A primeira fase do modernismo literário brasileiro, que durou de 1922 a 1930, teve como principal característica:

a) uso de poemas de forma fixa, como o soneto.
b) linguagem rebuscada e acadêmica.
c) valorização das raízes culturais brasileiras.
d) pessimismo e oposição ao romantismo.

  O ROMANCE E A NOVELA (Por Orlando Tadeu Ataíde Leite)       Pois bem, vamos lá.       Diferentemente do conto e da crônica o romance e a n...