segunda-feira, 27 de setembro de 2021




                    MARITUBA ASSIM SE FEZ    

Marituba tua história, bem contada ao natural,

Vilazinha de operários, tu nasceste como tal;

Teu legado na História do Pará e sem igual.

De umari brotou teu nome, fruto de árvore frondosa,

Fruto exótico amarelo  de carne bem oleosa.

 

Quando veio a estação, brotou Maria  fumaça,

Deixou além da estação lembrança que nunca passa;

Tinha o trem de passear e o trem de carga também;

E tinha o trem pagador que muitos se lembram  bem;

Tudo isso foi extinto só caixa dágua ficou

E as casinhas lá da praça que o tempo modificou.

 

E Nossa Vila Operária que bem ligeiro se ergueu,

Perdeu a estreada de ferro com a qual ela nasceu;

Viu-se ir o trem faceiro, partindo, assim tão ligeiro,

Levando muitas famílias fundadoras do lugar,

Para em outras ferrovias noutras terras trabalhar.

 

E a gente cristã que veio para habitar por aqui

Ergueu aquela Igrejinha  Católica bem ali...

Foi no terceiro natal com as  bênção vindas dos céus

Escolhido o Padroeiro, foi  pois o menino Deus.

 

Marituba tu que tinhas belas matas sem iguais,

Teus lindos igarapés, hoje não existem mais

Distrito de Benevides  te fizeste evoluir,

E Ananindeua queria a tutela sobre ti,

Para seres Município teu povo escolheu o sim.

 

Mas com o passar do tempo, Marituba assim cresceu,

Só restando na memória o encanto que era seu,

Que nunca negue a história, por obra de boa fé

Na memória dos vinham pro  banho de igarapé,

Na tão formosa prainha que hoje nada mais é.

 

Nem por isso Marituba deixa de ter seus encantos,

Mas que fique na memória, na história bem guardada,

Teu começo Marituba, foi nos trilhos de uma estrada,

Hoje trilhas no progresso como cidade afamada,

Porque da estrada de ferro não resta em ti quase nada

                        Francisco Poeta, março de 1998.                                                     
                                          

terça-feira, 7 de setembro de 2021

                                                           

                                    ESCOLS EM . R. C. NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO                                    Professora: Ana Cavalcante / Professor:  Francisco Poeta

INTRODUÇÃO À LITERATURA

O QUE É LITERATURA?                                                                                                                                    "A Literatura, como toda arte, é uma transfiguração do real, é a realidade recriada através do espírito do artista e retransmitida através da língua para as formas, que são os gêneros, e com os quais ela toma corpo e nova realidade. Passa, então, a viver outra vida, autônoma, independente do autor e da experiência de realidade de onde proveio. Os fatos que lhe deram às vezes origem perderam a realidade primitiva e adquiriram outra, graças à imaginação do artista. São agora fatos de outra natureza, diferentes dos fatos naturais objetivados pela ciência ou pela história ou pelo social.

O artista literário cria ou recria um mundo de verdades que não são mensuráveis pelos mesmos padrões das verdades fatuais.[...]

A Literatura é, assim, a vida, parte da vida, não se admitindo possa haver conflito entre uma e outra.

Através das obras literárias, tomamos contato com a vida, nas suas verdades eternas, comuns a todos os homens e lugares, porque são as verdades da mesma condição humana."

(Afrânio Coutinho)

ALGUNS CONCEITOS SOBRE LITERATURA                                                                                      * - "Arte literária é mimese (imitação); é a arte que imita pela palavra." (Aristóteles, filósofo grego, séc. IV a.C)

* - "A literatura é a expressão da sociedade, como a palavra é a expressão do homem." (Louis de Bonald, pensador e crítico do Romantismo francês, início do séc. XIX)"

* - "A poesia existe nos fatos." (Oswald de Andrade, poeta brasileiro, séc. XX)

* -  “Literatura é feitiçaria que se faz com o sangue do coração humano.” (Guimarães Rosa, escritor brasileiro, séc. XX)

LITERATURA E SEUS ELEMENTOS ESTRUTURAIS                                                                TEXTO LITERÁRIO E NÃO LITERÁRIO                                                                                                         LITERATURA E SEUS ELEMENTOS ESTRUTURAIS

TEXTO LITERÁRIO E NÃO LITERÁRIO

Chamamos de texto literário aquele que apresenta preocupação com a Arte da literatura, em verso ou em prosa, constituído da recriação da realidade pela visão do autor, através da palavra estilizada, ou seja, o texto literário visa o belo, a fruição (prazer) e é comprometido com a criatividade. São exemplos em verso, os poemas e em prosa, o conto, a novela e o romance.

Já o texto não literário é aquele que se preocupa apenas com a comunicação funcional, servindo para diversos fins. É o caso do texto de jornal, livro didático, da bula de remédios.

Exemplo 1

Sentimento urgente

“Saudade é um pouco como fome.

Só passa quando se come a presença.

Mas às vezes a saudade é tão

profunda que a presença é pouco

Quer-se absorver a outra pessoa  toda.

Essa vontade de um ser o outro

para uma unificação inteira

É um dos sentimentos mais

urgentes que se tem na vida.”

— Clarice Lispector —

Exemplo 2

“Realizada desde 2014 por um grupo de autores, livreiros e editores do estado,  a FliPA reúne obras de mais de 100 autores paraenses. Além de homenagear escritores consagrados, o evento abre espaço para as publicações de romancistas de primeira viagem e a divulgação de novos talentos.”

(Trecho do jornal O Liberal, 2016) 

LINGUAGEM DENOTATIVA E LINGUAGEM CONOTATIVA

“Chega mais perto e contempla as palavras. Cada tem mil faces secretas sob a face neutra.”

                                                             (Carlos Drummond de Andrade).

Nos textos literários nem sempre a linguagem apresenta um único sentido, aquele apresentado pelo dicionário. Empregadas em alguns contextos, elas ganham novos sentidos, figurados, carregados de valores afetivos ou sociais.  Quando a palavra é utilizada com seu sentido comum (o que aparece no dicionário) dizemos que foi empregada denotativamente.  Quando é utilizada com um sentido diferente daquele que lhe é comum, dizemos que foi empregada conotativamente,  este recurso é muito explorado na Literatura.

A linguagem conotativa não é exclusiva da literatura, ela é empregada em letras de música, anúncios publicitários, conversas do dia a dia, etc.

 

Exemplo de linguagem denotativa:

Saudade - sau·da·de sf 1. Sentimento nostálgico e melancólico associado à recordação de pessoa ou coisa ausente, distante ou extinta, ou à ausência de coisas, prazeres e emoções experimentadas e já passadas, consideradas bens positivos e desejáveis;...

michaelis.uol.com.br

Exemplo de linguagem conotativa:

Ausência

Por muito tempo achei que a ausência é falta.

E lastimava, ignorante, a falta.

Hoje não a lastimo.

Não há falta na ausência.

A ausência é um estar em mim.

E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,

que rio e danço e invento exclamações alegres,

porque a ausência assimilada,

ninguém a rouba mais de mim.

(Carlos Drummond de Andrade) 

CONCEITO DE ESTILO LITERÁRIO

Estilo individual: É a maneira própria de cada autor se expressar.

Estilo de época, escola literária ou movimento literário: é o conflito de trações comuns que caracterizam as manifestações literárias de uma época.

PROSA E POEMA

Na prosa, as linhas ocupam toda a extensão horizontal da página. Os textos apresentam-se em frases, orações, períodos formando blocos chamados parágrafos.

O poema é uma expressão em versos. Refere-se à forma. Nele, as linhas, em geral, não ocupam toda a extensão horizontal.

Verso correspondente a uma linha do poema organizados em estrofes.

Estrofe ou estância é uma agrupamento de versos. As estrofes classificam-se em: 

Estilo individual: É a maneira própria de cada autor se expressar.

Estilo de época, escola literária ou movimento literário: é o conflito de trações comuns que caracterizam as manifestações literárias de uma época.

PROSA E POEMA

Na prosa, as linhas ocupam toda a extensão horizontal da página. Os textos apresentam-se em frases, orações, períodos formando blocos chamados parágrafos.

O poema é uma expressão em versos. Refere-se à forma. Nele, as linhas, em geral, não ocupam toda a extensão horizontal.

Verso correspondente a uma linha do poema organizados em estrofes.

Estrofe ou estância é uma agrupamento de versos. As estrofes classificam-se em:

 

1. Monóstico – só um único verso.        

2. Dístico – dois versos.        

3. Terceto – três versos.

4. Quadra ou quarteto– quatro versos.   

5. Quintilha – cinco versos.  

6. Sextilha ou sexteto – seis versos.

7. Sétima ou septilha – sete versos.    

8. Oitava – oito versos.    

9. Nona – nove versos.

10. Décima – dez versos.   

11.Irregular – mais de dez versos.

PROSA E POEMA

Na prosa, as linhas ocupam toda a extensão horizontal da página. Os textos apresentam-se em frases, orações, períodos formando blocos chamados parágrafos.

 

O poema é uma expressão em versos. Refere-se à forma. Nele, as linhas, em geral, não ocupam toda a extensão horizontal.

 

Verso correspondente a uma  linha do poema organizados em estrofes.

 

Estrofe ou estância é um  agrupamento de versos. As estrofes classificam-se em:

Monóstico – só um único verso.

Dístico – dois versos.

Terceto – três versos.

Quadra ou quarteto– quatro versos.

Quintilha – cinco versos.

Sextilha ou sexteto – seis versos.

Sétima ou septilha – sete versos.

Oitava – oito versos.

Nona – nove versos.

Décima – dez versos.

Irregular – mais de dez versos.

A melodia que caracteriza o verso é resultado de alguns recursos presentes na poesia de todos os tempos. Os mais importantes são a métrica, o ritmo, a rima e outros recursos sonoros. 


- MÉTRICA OU SÍLABA POÉTICA

Métrica é a medida de um verso, isto é, o número de sílabas poéticas (ou métricas) apresentadas pelo verso. A sílaba poética nem sempre corresponde a uma sílaba gramatical. Na divisão (ou contagem) das sílabas poéticas de um verso, considera-se as emissões de voz do verso como um todo. Além disso, conta-se apenas até a última sílaba tônica do verso. Essa contagem é chamada de escansão.

Observe a escansão destes versos do poema “Canção do exílio”, de Gonçalves Dias.

Mi/nha/ ter/ra/ tem/ pal/mei/ras,/

(8 sílabas gramaticais )

Mi/nha/ te/rra/ tem/ pal/mei/ras,

(7 sílabas poéticas)

On/de/ can/ta/ o/ Sa/bi/á;/

(8 sílabas gramaticais)

On/de/ can/ta o/ Sa/bi/á;/

(7 sílabas poéticas)

As/ a/ves/ que/ a/qui/ gor/jei/am,/

(9 sílabas gramaticais)

A/s a/ves/ que a/qui/ gor/jei/am,

(7 sílabas poéticas)

Não/ gor/jei/am/ co/mo/ lá./

(7 sílabas gramaticais )

Não/ gor/jei/am/ co/mo/ lá./

(7 sílabas poéticas )

No último verso, há correspondência entre sílaba gramatical e sílaba poética. Os versos do poema de Gonçalves Dias são heptassílabos ou versos de redondilha maior (sete sílabas poéticas). 

No último verso, há correspondência entre sílaba gramatical e sílaba poética. Os versos do poema de Gonçalves Dias são heptassílabos ou versos de redondilha maior (sete sílabas poéticas).

Classificação do verso quanto ao número de sílabas:

a) Isométricos: são os versos de uma só medida. São classificados como:

- monossílabos,

- dissílabos,

- trissílabos,

- pentassílabos (ou redondilha menor),

- hexassílabos (heroico quebrado),

- heptassílabos (redondilha maior),

- octossílabos,

- eneassílabos,

- decassílabos (medida nova),

- hendecassílabos,

- dodecassílabos (ou alexandrinos).

 

b) Heterométricos: são os versos de diferentes medidas, usados em um mesmo poema.

 

c) Versos livres: são aqueles que não obedecem a nenhum esquema.

 

- RITMO

Um poema também tem ritmo, que lhe é dado pela alternância das silabas que apresentam maior e menor intensidade quando pronunciadas. Por exemplo:

Cavaleiro │das armas escuras

Onde vais│pelas trevas impuras.

(Álvares de Azevedo)

 

- RIMA

Repetição de sons semelhantes, criando um parentesco fônico entre palavras presentes em dois ou mais versos. Classificação quanto a rima de combinações:

Emparelhada – ocorrem de duas em duas (AABB) Alternadas – ocorrem de forma alternada (ABAB) Interpoladas – ocorrem de forma opostas (ABBA) Mistas – tudo embaralhado (ABACDCD)

Exemplo de rima ABBA

De repente do riso fez-se o pranto - A

Silencioso e branco como a bruma - B

E das bocas unidas fez-se a espuma - B

E das mãos espalmadas fez-se o espanto – A

 

- OUTROS RECURSOS SONOROS

Aliteração

É a repetição constante de um mesmo fonema consonantal. Observe como o compositor Chico Buarque alitera os fonemas /t/, /r/, /p/ neste trecho da canção A Rita:

Levou seu retrato,

Seu trapo, seu prato,

Que papel!

Assonância

É a repetição constante de um mesmo fonema vocálico. Observe a assonância do fonema vocálico /a/ nestes versos de Cruz e Sousa:

Ó formas alvas, brancas, Formas claras

 

Soneto de fidelidade

De tudo ao meu amor serei atento

 Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto

Que mesmo em face do maior encanto

Dele se encante mais meu pensamento.

 

Quero vivê-lo em cada vão momento

E em seu louvor hei de espalhar meu canto

E rir meu riso e derramar meu pranto

Ao seu pesar ou seu contentamento

 

E assim, quando mais tarde me procure

Quem sabe a morte, angústia de quem vive

Quem sabe a solidão, fim de quem ama

 

Eu possa me dizer do amor (que tive):

 Que não seja imortal, posto que é chama

Mas que seja infinito enquanto dure.

Vinícius de Moraes


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