terça-feira, 20 de abril de 2021

 

 O MUNICPIPIO DE MARUTUBA 

27 ANOS DE EMANCIPAÇÃO

A história da autonomia política e econômica de Marituba, alcançada no dia 21 de abril de 1994, tem a indignação como motor do sentimento de busca pela sua emancipação. Esta indignação levou à algumas lideranças a tomar atitudes que uniram o povo, que se encontrava insatisfeito com a falta de transporte digno, de empregos, saneamento, escolas e assistência médica, a dizer sim ao desmembramento do município de Benevides.

Esta insatisfação levou a se formarem três movimentos de emancipação: o primeiro em 1983 liderado pela Comissão de Emancipação de Marituba (CEM); o segundo em 1989 liderado por Nelson Rabelo que culminou em um plesbicito com a vitória do “Não” à emancipação. O terceiro, liderado por Fernando Corrêa e Eládio Soares obteve êxito, onde, no dia 21 de abril de 1994, 12.035 (96,1%) pessoas votaram pelo “Sim” dando início à uma nova página na história do município de Marituba.

Lideranças – À frente do terceiro movimento de emancipação, que culminou com a autonomia de Marituba, estavam o ex-prefeito Fernando Corrêa e Eládio Soares. O primeiro também foi eleito como primeiro prefeito do município. O segundo (falecido em 2008) dá nome a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Marituba.

O servidor público Ivan Soares, 65 anos, é filho de Eládio Soares. Ele acompanhou todo o processo de emancipação ao lado do pai. Ele comenta que o descontentamento com a situação do município, que fazia parte de Benevides, motivou o grupo a iniciar o movimento de após duas tentativas anteriores frustrantes.

Ele conta que seu pai, Eládio Soares, era corretor de imóvel e fazia parte de um grupo que se demonstrava insatisfeito com o fato do então distrito ser relegado ao segundo plano e passaram, então, a discutir uma forma de emancipá-lo. Do grupo faziam parte políticos, empresários, jornalistas, universitários e lideranças religiosas, entre outras, que passaram a se reunir na Paróquia do Menino Deus.

A igreja, segundo o servidor, teve um papel determinante neste processo que contaram com as missas para esclarecer as pessoas sobre a necessidade de alcançar a autonomia política e econômica. “ O padre Jairo teve um papel de suma importância pois além de ceder o espaço para as reuniões da comissão, conscientizou a população através dos sermões nas missas dominicais”, destaca.

Em 1993 um “outdoor” em frente à feira de Marituba, conclamando a população a engajarem-se na luta em prol da emancipação teve grande repercussão dando início a formação da Comissão Pró-Emancipação de Marituba (COPEM), liderada primeiramente por Fernando Corrêa e, mais tarde, por Eládio Soares.

Segundo dados coletados pela (COPEM), em 1993 havia em Marituba 55 mil habitantes, 21 mil eleitores, 96 empresas de médio e grande porte, 4.863 comércios pequenos, 2 mercados públicos, 9 supermercados, 1 ginásio de esportes, 1 hospital-maternidade de urgência e emergência, 1 hospital psiquiátrico, 1 hospital dermatológico, 12 templos da Assembleia de Deus , 10 templos da Igreja Católica, 7 postos de gasolina, 2 estádios de futebol, 4 motéis, 10 panificadoras, 4 churrascarias, 9 farmácias, 35 escolas entre estaduais, municipais, conveniadas e particulares, 4 creches, a sede central da Emater, o Centro de Recurso Humanos (CTRH), e uma linha de ônibus que ia até o centro de Belém.

Após uma intensa campanha foi então que no dia 21 de abril de 1994, realizou-se um plebiscito que contou com 12.444 eleitores votantes e onde 12.035 (96,1%) pessoas votaram pelo “Sim” e 257 (2,07%) votaram pelo “Não”. A partir do dia 21 de abril do ano de 1994, Marituba passou a ser considerado um município autônomo política e economicamente. Houve todo um trabalho árduo para se chegar até este resultado. “ Todos se dedicaram muito à causa, meu pai, inclusive foi internado três vezes com esgotamento físico por causa dessa luta para emancipar”, explica Ivan. Ele também conta que grupos dos municípios vizinhos formavam uma força política contrária à emancipação.

Marituba hoje – Ao comemorar os 27 anos de sua emancipação política e econômica, Marituba apresenta hoje uma população estimada – segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – de 133.685 habitantes, um crescimento de um pouco mais de 143% com relação à população de 1994, quando da emancipação.

Apesar de ter sido criada pela Lei Estadual nº 5.857 de 22 de setembro de 1994 quando foi   desmembrada do município de Benevides, Marituba nasceu em função da Estrada de Ferro de Bragança. Para o estabelecimento da via férrea foi necessário a construção de uma vila de casas, para abrigar os operários de manutenção e demais funcionários dessa estrada.

A construção da vila foi concluída em 1907 dando origem ao povoado de Marituba. Suas terras pertenciam ao município de Belém, com a criação do município de Ananindeua, em 1943, passou a pertencer a esse novo município. Já em 1961, passou a pertencer ao município de Benevides. “ Da emancipação para cá, Marituba cresceu muito, muitas empresas vieram para Marituba depois da emancipação. Hoje temos mais opções de transporte, melhor infraestrutura, além de mais escolas e universidades que formam nossos jovens para que o município tenha um futuro melhor para sua gente”, conclui o filho de Eládio Soares.

                                                                                               Fonte COMUS - PMM

segunda-feira, 19 de abril de 2021

                                         A CIDADE DE MARIRUBA COMPLETA 27 ANOS                                                                                                           EM 21 DE ABIL DE 2021

         A ocupação da área onde mais tarde seria fundado o município de Marituba decorreu das medidas políticas do governo provinciano, traçadas na segunda metade do século XIX, cujos objetivos eram a colonização da região Bragantina e a implantação de uma estrada de ferro que deveria fazer a ligação entre os diversos núcleos coloniais que iriam ser fundados. Com isso Marituba nasceu em função da Estrada de Ferro de Bragança – ferrovia com 293 quilômetros de extensão suas obras duraram 25 anos.

        Na época, os limites de Belém estendiam-se por quase todo o território das atuais zonas Bragantina, Guajarina e Salgado. Entre aquele centro urbano e Belém existia uma vasta área completamente despovoada e que precisava urgentemente ser ocupada. Os primeiros imigrantes eram de origem francesa, italiana e espanhola, chegaram em Belém no dia 25 de abril de 1875. Outros vieram depois. Instalou-se em vários núcleos agrícolas, e esses núcleos ? Apeú, Castanhal, Inhangapi. São hoje progressivos municípios da chamada Zona Bragantina.
        O plano do Governo Imperial era colonizar essa imensa região, tida como rica e fértil, e adequada para a prática agrícola, cuja produção iria ser necessária para alimentar a população da capital da província que se expandia anualmente.
        É bom lembrar, que sempre houve uma relação positiva entre a ferrovia, a colonização e a exploração da zona Bragantina: na medida em que os trilhos iam sendo colocada região adentro, novas colônias eram implantadas na área, ou simples povoados surgiam nas imediações das paradas da Estrada de Ferro.
        Por volta de 1905, quando a via-férrea já se encontrava nas imediações da cidade de Capanema, o governador Augusto Montenegro iniciou a construção das oficinas dos trens da Estrada de Ferro de Bragança. Já com suas instalações quase concluídas, percebeu-se ser necessária a construção de uma vila de casas, para abrigar seus operários de manutenção e demais funcionários dessa Estrada. Nessa época, já haviam sido erigidas as estações do Entroncamento e de Ananindeua. Os trabalhos de construção da referida vila foram concluídos em 1907. Coube ao Doutor Swindeler diretor da companhia construtora, em conjunto com outras autoridades e futuros moradores, a responsabilidade de inaugurar a Vila Operária, dando origem ao povoado de Marituba. Suas terras pertenciam ao município de Belém. Com a criação do município de Ananindeua, em 1943, passou a pertencer ao novo município. Já em 1961, passou a pertencer ao município de Benevides.
        A origem do topônimo Marituba vem da língua indígena (nhengatu), que significa ?Lugar abundante de Maris (ou Umaris)?. Maris ou Umaris é uma árvore da família das Icacináceas, que dá frutos comestíveis; ?Tuba? significa ?lugar abundante?. Da junção desses dois vocábulos surgiu o nome Marituba, que graças ao agrado dos filhos da terra, até hoje permanece.
        No Natal de 1909, os moradores do então vilarejo de Marituba, realizaram uma missa campal em frente da antiga escola primária. Nos anos seguintes, essa missa passou a ser celebrada no interior da escola, depois disso, passou a ter missa dominical na cidade. Em 1917, uma das casas da vila foi adaptada para servir de capela, fazendo parte da Paróquia de Santa Isabel. Neste local, encontra-se construída atualmente a Igreja Matriz de Marituba.
        Em 1918, fundava-se o Cemitério da Vila. Naquela época, a vida no vilarejo era muito difícil. Os primeiros moradores eram quase todos empregados da Estrada de Ferro de Bragança. Havia também, uma pequena parcela da população que vivia da roça e da produção de carvão que ia para Belém no trem de carga. Produziam a lenha que era destinada à Estrada de Ferro de Bragança, e à algumas empresas, como a Pará Elétrica, a primeira empresa que explorou a energia elétrica em Belém. Essa atividade de extrativismo predominou durante muito tempo e até hoje ainda existe vestígio dela em Marituba. Até meados dos anos 40, a economia da vila girava em torno das atividades comerciais de apoio à ferrovia, e de uma incipiente agricultura de subsistência composta de mandioca, arroz e milho, produzidos geralmente para autoconsumo.
        Começaram a surgir na vila os primeiros comerciantes, como, o português Deomano Pacheco, a família Bastos que trabalhava no ramo farmacêutico, a família Falcão no ramo da estiva, o português Agostinho dono da Cerâmica Marajó e Francisco Cunha entre outros. O vilarejo expandia-se, a cada ano, ganhando aspecto de cidade à medida que iam sendo implantados novos equipamentos, indo assim adquirindo característica de cidade.
        A elevação de Marituba à categoria de município refletiu um antigo anseio da sua população. Segundo informações de alguns líderes locais, Marituba para se desenvolver teria que conseguir sua autonomia política e administrativa. Desde 1983, o povo maritubense vinha se organizando no sentido de buscar a autonomia para a vila. Foram três os movimentos populares para a sua emancipação; o primeiro foi realizado em 1983; o segundo em 1991 e finalmente em 1993.

Formação Administrativa

Elevado à categoria de município e distrito com a denominação de Marituba, pela Lei Estadual n.º 5.857, de 22-09-1994, desmembrado de Benevides. Sede no atual distrito de Marituba (ex-localidade). Constituído do distrito sede. Instalado em 01-01-1997.

Em divisão territorial datada de 2001, o município é constituído do distrito sede.
Assim permanecendo em divisão territorial datada de 2007.

                                                SOBRE O LIXÃO DE MARITUBA       

As empresas Guamá e Revita integram o rol de 50 empresas do grupo Solvi Participação S.A., com atuação no Brasil, Argentina, Peru e Bolívia. Em suas comunicações institucionais, o grupo defende valores como “sustentabilidade”, “ética”, integridade”, “responsabilidade social”.  No ano de 2017, o grupo Solvi fechou o exercício financeiro com um resultado líquido de mais de 100 milhões de reais e um patrimônio líquido acima de 2 bilhões de reais (Solvi Participações, s/d, p. 26). No mesmo relatório de demonstrações financeiras, no item “Passivo contingente”, o grupo Solvi e suas empresas aparecem como parte de 17 processos (civis, penais, trabalhistas), entre os quais os deflagrados pela operação Gramacho no Pará. No caso específico do Lixão de Marituba, entendem, conforme o documento, que “as denúncias carecem de comprovação probatória, portanto não foi constituída provisão contábil para fazer face a esse assunto” (ibid., p. 4). A empresa também afirma que teve todos os seus procedimentos licenciados pelo órgão competente, a Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Semas) – Licença prévia em 2012; Licença de Instalação, em 2013; e de Operação, em 2014 – o que, entretanto, encontra-se sob questionamento judicial.

A mais recente das ações do Ministério Público do Pará, de fevereiro de 2020 (MMPA, 2020), e a quinta contra a empresa, investiga o que os movimentos sociais e ativistas ambientais denunciam, desde o início da implantação do aterro em Marituba: a suspeita de que a licença ambiental foi concedida indevidamente. Segundo o MPPA, “a empresa [Guamá] recebeu licenças para se instalar e funcionar mesmo tendo descumprido aspectos da legislação ambiental”, como a “utilização de equipamentos adequados para o tratamento de resíduos e a adoção de providências para reduzir os impactos ambientais do aterro”. O MPPA também já havia questionado e conseguido reverter a decisão do atual governo do estado de abrir mão da ação por danos morais e materiais ambientais que o estado move contra as empresas donas do aterro. “Pelo acordo, haveria extinção dessa ação, sem garantia ou qualquer contrapartida por parte da empresa para a sociedade atingida” (MPPA, 2019).

Também em 2017, com o aterro operando há cerca de dois anos, a prefeitura de Marituba, pressionada pelos movimentos sociais e ambientais, havia decretado “situação de emergência” no município (decreto n. 508/2017), em função dos danos sociais, ambientais e econômicos causados pelo aterro, entre os quais o documento destacava:

  • o acúmulo de chorume,  além da capacidade do sistema de drenagem do aterro, “sem qualquer tratamento”, carreado para a micro bacia hidrográfica do município;
  • a ameaça ambiental, pelo chorume carreado para dentro da unidade de conservação de proteção integral Refúgio de Vida Silvestre Metrópole da Amazônia (Revis), rica em espécies endêmicas e considerada a segunda maior reserva florestal em área urbana do país;
  • o “forte odor”, sentido em vários bairros do município, oriundo das células de resíduos sólidos recobertas fora das normas técnicas;
  • o aumento “gigantesco” de atendimento nas unidades de saúde, aumento de demandas de medicamentos;
  • “grandes prejuízos econômicos” gerados pelo fechamento dos comércios, balneários (como são chamados na região locais de banho à beira de igarapés) e restaurantes nas proximidades do aterro;
  • uma comunidade tradicional secular – a comunidade Quilombola do Abacatal – afetada diretamente tanto pelo forte odor como pelo chorume carreado para os cursos de água que abastecem e fornecem alimento aos seus moradores.

Durante todo o tempo, a empresa Guamá Tratamento de Resíduos negou a existência de irregularidades (Portal G1 – Pará, 2017b). Não obstante, na fala do pesquisador do Instituto Evandro Chagas, responsável pelo estudo técnico sobre a exposição de nove comunidades à contaminação por metais nos arredores do aterro sanitário, chamado Lixão de Marituba, chama a atenção a força probatória da contaminação.

Encontramos várias anomalias. Entre os mais nocivos: mercúrio, chumbo e manganês. Encontramos cobalto, elemento muito difícil de encontrar na água. Geralmente está associado a materiais condutores, como baterias e placas. Também identificamos cobalto na poeira (na parte mais externa, onde brincam as crianças) [...] no solo, destaco a presença de cobre em um nível muito alto (numa das comunidades mais próximas ao Lixão). O cobre está muito associado ao lixo. E esse é o maior indicador de que tem um problema com resíduos. (Pesquisador do IEC, Marcelo Lima, no Portal ORM, O Liberal, 5 fev 2019)

O resultado, segundo o pesquisador, ainda não é conclusivo. Uma segunda etapa de verificação seria necessária para determinar a responsabilidade e a dimensão dos danos à saúde das pessoas e ao ambiente no entorno do aterro. Para isso, seriam necessários “recursos e nova solicitação da Semas”. Até o momento, não há monitoramento regular e não há informação sobre a continuidade dos testes.

Nesse episódio, chamaram a atenção também o silêncio da grande imprensa e a ausência de repercussão sobre o resultado alarmante do estudo do Evandro Chagas. Situação similar já havia se revelado no episódio escandaloso da operação Gramacho. Com mandados de prisão cumpridos em vários Estados e a responsabilização de altos executivos de um grande grupo econômico nacional, a cobertura midiática do fato foi por fim acanhada, restringindo-se aos veículos locais e regionais.

            Fonte: elaborados pelas autoras. Ipea. Atlas de Vulnerabilidade Social (AVS) – http://ivs.ipea.gov.br

    

                             

                                               – Imagem de passeata do movimento Fora Lixão   

                         O caso do lixão de Marituba  
         Em fevereiro de 2019, foi divulgado um estudo técnico-científico solicitado pela Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará (Semas) ao Instituto Evandro Chagas (IEC),  que constatou a existência de anomalias na poeira domiciliar, nos solos e nas águas para consumo de nove comunidades próximas ao Lixão de Marituba (O Liberal , 2019), como é conhecida a Central de Processamento e Tratamento de Resíduos de Marituba, município da RMB. Licenciado pela Semas em 2012, o aterro é privado e é operado por duas empresas – Guamá Tratamento de Resíduos/Ltda. e Revita Engenharia/S.A., do grupo nacional Solvi – maior grupo no setor de serviços ambientais do País, contratadas em caráter emergencial com dispensa de licitação pela prefeitura de Belém, em junho de 2015 (Diário Oficial, 2015). Na ocasião, era urgente, como detalharemos adiante, desativar o Lixão do Aurá   que durante mais de 20 anos funcionou no município de Ananindeua e recebeu de forma precária cerca de 1.400 toneladas diárias de resíduos sólidos produzidos na capital e região metropolitana, para assim atender tardiamente as determinações da Lei Nacional de Resíduos Sólidos.
       Desde então, as empresas responsáveis pelo aterro na RMB respondem a cinco ações movidas pelo Ministério Público do Estado do Pará (MPPA) – duas delas tramitam no Poder Judiciário local por crimes ambientais; uma Ação Popular questiona o contrato com dispensa de licitação; e uma Ação Civil Pública refuta as licenças ambientais obtidas para operar o aterro. Uma delas, motivada pelos protestos da população e dos movimentos sociais especialmente contra o mau cheiro, deflagrou, em dezembro de 2017, uma operação, de nome Gramacho – em alusão ao maior lixão da América Latina – que levou, com a parceria da Polícia Civil, à prisão de gerentes operacionais e diretores nacionais da empresa e a determinação de bloqueio de 53 milhões de reais para cobrir os danos ambientais causados (Portal – Pará, 2017a). Na ocasião, o inquérito policial incluía três denúncias-crime e mais de 30 autos de infração ambiental e inquérito policial da de Delegacia do Meio Ambiente (DEMA) em andamento contra o empreendimento. 

Fonte: site: https://foralixaomarituba.wixsite.com/foralixaomaritub      


               

 


sexta-feira, 19 de março de 2021

                                 

          ESCOLA ESTADUAL DE ENSINO MÉDIO N. SRA DO ROSÁRIO
CIDADE DE MARITUBA - REGIÃO METROPOLITANA DE BELÉM - PARÁ    
       LITERATURA BRASILEIRA -  PROFESSOR: FRANCISCO  POETA 

                                       RESUMO DE CONTEÚDO PARA O 3º ANO                                   

O PRÉ -MODERNISMO

         Nos primeiros anos da República, o Brasil foi governado por presidentes militares, era a República da espada, 1889 a 1894; seguiram-se presidentes ligados as oligarquias rurais, cafeicultores de São Paulo e pecuaristas de Minas Gerais que formaram a república do café com leite de 1894 a 1930. Foi um período marcado por insurreições e revoltas por todo o país: Guerra de Canudos, na Bahia; Revolta da Vacina, e Revolta da chibata no Rio de janeiro; Guerra do contestado, em Santa Catarina. São Paulo era palco de inúmeras greves. Os antigos escravos eram marginalizados e os imigrantes europeus chegavam para trabalhar nas lavouras ou nas indústrias recém-criadas. O nordeste vivia a estagnação econômica e os bandos de cangaceiros assaltavam propriedades; as secas levavam a morte milhares de sertanejos.                                                                                                    Esse período compreendido entre 1900 e 1922 caracteriza-se pela convivência de várias correntes e estilos literários. Ao lado do mundo cor de rosa das elites estava a miséria do povo. Pouquíssimos foram os escritores que voltaram os olhos de modo crítico para a realidade brasileira porque nesse período ainda predominava o Parnasianismo e os escritores dessa corrente estavam mais preocupados com o prestígio social que a literatura podia lhes dar, muito mais do que com as questões sociais desse período. Mas nesse mesmo período começa a surgir um grupo de escritores preocupados em interpretar a realidade brasileira revelando as tensões e os problemas sócio-políticos daquele período.                                                O Pré-Modernismo não é propriamente uma escola literária, compreende, genericamente, o período que abrange as duas primeiras décadas do século XX e que veio criar condições para o surgimento do Modernismo. Algumas datas podem servir de balizamento para o período pré-modernista: Em 1902, duas publicações podem ser tomadas como ponto de partida para o Pré-Modernismo o romance Canaã, de Graça Aranha que exprime uma visão pessimista do homem brasileiro abordando o problema dos imigrantes europeus e a publicação de Os sertões, relatos históricos, de autoria de Euclides da Cunha.        
       Os Pré–modernistas Lima Barreto, Euclides da Cunha Graça Aranha e Monteiro Lobato, foram escritores que viram com olhos críticos a realidade nacional do começo do século XX, construindo uma obra renovadora, faz parte desse grupo destacando-se na poesia o escritor Augusto dos Anjos. Alguns desses escritores destacaram tanto no pré-modernismo quanto no Modernismo.

                                            O Pré-Modernismo - Contexto histórico                                          EUCLIDES DA CUNHA: Nasceu em 1866 e morreu em 1909. Não alcançou o Modernismo. Sua obra máxima foi Os sertões, um ensaio sociológico e histórico em torno da Guerra de Canudos sob uma ótica positivista e determinista. A obra divide-se em três partes:                                                                                                                                        1 -  A terra: descrição minuciosa do Nordeste em seus aspectos geográficos e físicos;    
                                                                                                                                                    2 -  O homem: os tipos regionais brasileiros, frutos da miscigenação entre o branco, o índio e o negro que deu origem ao sertanejo e ao jagunço fabricado pelo meio árido, seco e , rústico do sertão.                                                                                                                        

3- A luta: retrato os combates, entre os jagunços e as quatro expedições de soldados até o extermínio do Arraial de Canudos.

MONTEIRO LOBATO: Paulista de Taubaté nasceu em 1882 e morreu em 1948. Acreditava no progresso mas, cometeu o equívoco momentâneo de criticar os modernistas de 1922 que buscavam uma arte de reforma, concordando posteriormente com eles. Apesar de destacar-se na literatura com temas voltados para o público adulto, seu maior destaque foi na Literatura infanto-juvenil brasileira sendo considerado o criador da literatura infantil no Brasil.

AUGUSTO DOS ANJOS: Nasceu no Engenho Pau d’arco no Pará e morreu em Leopoldina, minas Gerais. Foi poeta cuja obra caracteriza-se pela crueza de temas que giram em torno da morte, da doença, sempre crítico e com uma linguagem exótica, agressiva, carregada de termos científicos, retrata a angústia, e o sofrimento humano, com acentuado grau de inquietação filosófica, sobre o enigma do universo e da própria vida. Vejamos dois de seus mais intrigantes poemas:     

               VERSOS ÍNTIMOS                                                                                                             Vês?!  Ninguém assistiu ao formidável                                                                                                  Enterro de tua última quimera                                                                                                    Somente a ingratidão _ esta pantera                                                                                                    Foi tua companheira inseparável                                                                                                  

Acostuma-te a lama que te espera                                                                                                          O Homem que nesta terra miserável                                                                                                Mora entre feras, sente inevitável                                                                                           Necessidade de também ser fera

Toma o fósforo. Acende teu cigarro!                                                                                                     O beijo amigo, é a véspera do escarro,                                                                                                 A mão que afaga é a mesma que apedreja.              

Se alguém causa ainda pena a tua chaga                                                                                     Apedreja essa mão vil que te afaga                                                                                                    Escarra nessa boca que te beija                                                                                                                                  Augusto dos Anjos












                                                                         

              

segunda-feira, 8 de março de 2021

 

        Mulher! Não é incoerência dizer que todo mistério em ti se encerra. Mistério este que se revela em tua paradoxal fragilidade e fortaleza. A sabedoria em ti encontrou abrigo pondo em ti, um pouco da malícia que te ensinou a ser envolvente, atraente e quando necessário dominante.                                              Tens esse poder que a natureza, por sabedoria, para equilíbrio das coisas resolveu depositar em tuas mãos. A natureza, mulher que para disfarçar a grande cumplicidade que tem contigo nos faz acreditar que às vezes, natureza e mulher são inimigas:                                                                                      - Puro disfarce! - Há entre natureza e mulher uma cumplicidade intraduzível, aliás, a própria natureza, pelo gênero da palavra já se fez mulher, substantivo feminino dotado de inúmeros pormenores poéticos linguísticos, inspiradores de canção de emoção de paixão e até de chateação, posto que não és perfeita, mulher, a natureza não ousou te fazer perfeita para não te roubar o encanto humano que envolve misteriosamente o teu ser.                                                                                                                      Nenhum homem jamais entendeu ou conseguirá entender a mais profunda dimensão do teu ser, Mulher ainda assim, sorte dos homens que tem o privilégio de sentir por você Mulher, o apego a amizade, a simpatia, o carinho, o amor e o desejo, que bem sabeis despertar.                                                    Por tudo isso Mulher, és digna de todo o respeito e de homenagens sinceras constantemente, ainda que muitos homens, tão “senhores da situação”, não consigam perceber nem tão pouco admitir que o verdadeiro poder emana da alma feminina.                                                                                                           Parabéns, adoráveis mulheres maravilhosas, pelo seu dia em especial, mas na verdade, todos os dias são seus.                                                                                                                                                           - O poder é seu, Mulher!   

                                                                                            Professor Francisco Poeta

quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

       


O REINO DE DEUS É O AGORA

O Reino de Deus está próximo,

Tão próximo quanto o Próximo

O Reino de Deus está aqui!

Foi  o  próprio Jesus quem falou assim.

Do que  muitos não têm tempo pra ouvir.

Entre os meus e o seus,   

Aqui está o Reino de Deus.  

 

O Reino de Deus está próximo,

Quem tem olhos pode ver, pode sentir.

E foi o próprio Deus quem o trouxe até aqui,

O Reino de Deus não está bem ali,

Ele é realidade é bem aqui...

Embora muitos não consigam perceber,

A vida é o reino de Deus que se faz acontecer.

 

O Reino de  Deus está próximo,

Bem mais,  muito mais do que próximo,

 O Reino de Deus está aqui,

Essa verdade,   Jesus  veio transmitir

O Reino de Deus  é  algo a construir

Para que possamos dele usufruir.

 

O Reino de Deus está Bem próximo

O Reino de Deus  está bem aqui

Mas é preciso crer para poder sentir,

Mesmo que haja sofrimento e agonia,

Mesmo sob a dor de cada um a cada dia,

Muita gente já consegue perceber,

Que a vida é muito mais

Do que tudo que se vê,

É o Reino de Deus que se faz acontecer.

                          Francisco Poeta


                     NEGLIGÊNCIA DE UNS,  DESGRAÇA DE OUTROS.

Para este tempo tenebroso, de pandemia,  que estamos atravessando,  bem se aplica, um frase muito usado por um velho amigo e grande poeta Luís Hilário: "a negligência de uns conduz à desgraça de muitos outros".                                                                      

De fato,  desde o início dessa horrenda pandemia que já ceifou um número grandioso de vidas,  o que temos visto e ouvido falar, principalmente pelos meios de comunicação é um número incontável de pessoas que vem agindo de forma negligente e inconsequente, insistindo em agir como se nada tivesse acontecendo, em que pese todas as orientações dadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e por diversos infectologistas brasileiros. 

Mesmo diante de toda essa situação de calamidade há muitas pessoas que insistem em continuar agindo de forma negligente, sendo indiferente a toda essa desgraça noticiada dia dia. Há mesmo aqueles que levam para o lado da anarquia, literalmente falando, sem demonstrar a menor sensibilidade com o sofrimento de tantas famílias que perderam seus entes queridos. Há casos, até, de famílias inteiras que foram dizimadas pela pandemia. 

            E muitas vidas poderiam ter sido poupadas, muito sofrimento poderia ter sido evitado muitas pessoas poderiam ter sobrevivido à pandemia, se não fosse a negligência de tanta gente inconsequente, a começar pelo mandatário máximo de nossa nação que com suas atitudes e maus exemplos acabou por disseminar a ideia de que não era preciso temer a pandemia, muito menos seguir as regras de prevenção, a começar pelo uso indispensável da máscara, por se tratar de uma guerra contra um vírus que facilmente  propagado  pela expiração do ar, pelo nariz ou pela boca e no contato das mãos ao tocar esses órgãos.  

Quem deveria estar na linha de frente no combate a pandemia, começando por dar o exemplo em seguir as recomendações dos infectologistas, seria o Presidente da república, mas ao contrário de tomar uma atitude madura e sensata que é o que se poderia esperar de um presidente, ele levou na brincadeira, na galhofa, agindo como um inconsequente, talvez por se char diferente dos outros por estar na função passageira de mandatário máximo da nação.                                                                                                                   

Infelizmente, os maus exemplos dados pelo presidente vêm sendo seguidos por um número, incontável de pessoas entorpecidas pelas atitudes nem um pouco condizentes com o cargo que o mesmo ocupa. Em consequência disso,  muitas pessoas relaxaram e continuaram fazendo coisas absurdas como festas com grande número de participantes, aglomerações em praias, bares, praças e no comércio, contrariando todas as orientações dadas pelos infectologistas através da imprensa,  principalmente.   

Mais preocupado em dar vasão a sua  implicância  com uma determinada emissora de televisão, do que em tomar as providência necessária que o grave momento exige, Ele  até hoje, por incrível que pareça, não tomou as medidas necessárias para minimizar os efeitos devastadores dessa pandemia em nosso país, começando por não ter nomeado até hoje para o Ministério da saúde alguém  com o conhecimento e  experiência  para dar as providência exigidas por esse Ministério. Em que pese,  as observações feitas pelo Conselho Nacional de Saúde, o governo Federal age em marcha lenta parecendo fingir não se dar conta da gravidade          

Enquanto isso,  a pandemia continua crescendo e ceifando vidas inocentes, o nível de consciência de um número muito grande de brasileiros é cada vez menor. A quantidade de vacina existente no Brasil não dá para imunizar a todos os profissionais de saúde; o mandatário máximo da nação permitiu que um de seus filhos causasse um sério problema diplomático com a China, no inicio da pandemia, por conta de certas afirmações sem fundamentação, o próprio mandatário desagradou a Índia para agradar aos Estados Unidos que se opôs a desonerar a fabricação de remédios genéricos.                                               

E pior de tudo é que a fabricação de uma das vacinas que temos no Brasil, ironicamente, depende de um  insumo fabricado na China. E por isso, a população terá que esperar ainda alguns meses para ter acesso a vacina e começar a respirar aliviada, embora as precauções devam ser mantidas por parte das pessoas sensatas, ainda por longo tempo.

               

    

sexta-feira, 13 de outubro de 2017





                                                             SUSCITAÇÃO
    Belos poemas
 Suscitam  velhos temas
Como antigos amores,
Antagônicos dilemas
Guardados, perdidos,
Camuflados, esquecidos
Em tempos perdidos
Antigas histórias,
Perdidas memórias
   Francisco Poeta 13/102017

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domingo, 19 de fevereiro de 2017



Madame Bovary   (Por Paula Perin dos Santos)
Madame Bovary (1857), romance de Gustave Flaubert, constitui uma das maiores obras da estética realista da Literatura Francesa. O segredo desse sucesso está no estilo, que consiste na “perfeição da prosa e na maestria mais absoluta da arte de narrar”.
        Esta obra ocupa uma posição central no gênero romance por vários motivos. Um deles é o fato de ter sido considerado uma leitura “indecente e corruptora” das mocinhas de família; outro motivo deve-se ao fato de o escritor ter sido processado pela Sexta Corte Correcional do Tribunal de Sena por tratar de um tema tão pecaminoso como o “adultério”. Fora absolvido pelos juízes, mas não pelos críticos puritanos.
        O enredo de Madame Bovary impressiona pela simplicidade, e por tratar com bastante precisão a estupidez humana. A história começa descrevendo Charles Bovary quando entrou na escola e a algazarra que provocou nos alunos por possuir um chapéu ridículo, ser tímido, incompetente e insensível de grande inabilidade. Muitos críticos consideraram esta descrição inútil, enfadonha. Pode até ser cansativa, mas inútil não é: o ridículo do chapéu é o símbolo da estupidez de quem o usa.
        Assim, durante a narrativa aparecerá muitos outros chapéus ridículos, como o “boné grego” do farmacêutico Homais, o chapéu de castor do padre Bournisien e o chapéu elegante, mas já fora de moda de Rodolphe. Emma, por sua vez, é a mocinha sonhadora, romântica, acreditando que suas leituras medíocres lhe contam sobre a felicidade proporcionada pelo amor. Esse mundo todo colorido de ilusões se desfaz tão logo se casa, para fugir da estreiteza da casa paterna, com o já então médico Charles Bovary.
        Um dia, num baile no castelo do vizinho aristocrático Emma Bovary reaviva seus sonhos românticos, a que tão pouco responde o marido. Depois disso, Emma cai na aventura com vários amantes. Primeiro, com Rodolphe, um tipo de Don Juan do campo, que logo a abandona. Depois com Léon, o jovem empregado de um advogado. Por esse ela perde o equilíbrio: contrai dívidas através de empréstimos que nunca poderá pagar. Desesperada e, acuada pela ganância dos credores, suicida-se.
        Só depois de sua morte Charles Bovary descobre a verdade. Fica perturbado sem saber o que pensar. Não se vinga dos amantes, não toma nenhuma atitude. Perde tudo o que tem para saldar as dívidas. Depois morre, amargurado, deixando uma filha pequena que vai morar com a avó, que também morre. Para sobreviver, a tia manda-a trabalhar numa fábrica de tecidos. Uma história triste e, em parte, sórdida.
        O romance se chama “Madame Bovary”. Se levarmos em conta o título, Emma Bovary seria sua “heroína”. No entanto, a narração começa e termina com o estúpido Charles Bovary; e nela desempenham um papel importante na trama o estúpido Don-juanismo de Rodolphe, a estúpida paixão de Léon, a estupidez do padre farisaico Bournisien e todo esse pequeno ambiente de província, que não deixa uma saída para Emma nem para ninguém. É por isso que Otto Maria, em seu ensaio sobre a obra, comenta com grande ênfase: “o verdadeiro personagem desse romance é a Estupidez humana”.
Fontes
CARPEAUX, Otto Maria. Madame Bovary.
In Gustave Flaubert: Madame Bovary. Ediouro, s/d, p. 11-17.


quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017





AMIGO DE MIM

NÂO DIGAS,  AMIGO
NADA ALÉM DO QUE
PRECISO OUVIR.
NÃO PENSES, AMIGO
                                  NOUTRA COISA QUE                                    
NÃO SEJA O ELO
QUE UNE DOIS AMIGOS.
NÃO DEIXES,  AMIGO
QUE A MINHA LÁGRIMA
                                                       ESCORRA POR ENTRE                                                         
                                                              TUAS MÃOS E                                                                   
                                                        CAIA NO CHÃO                                                                              
NÃO ME ESTENDAS AS TUAS MÃOS
SE ELAS ESTIVEREM OCUPADAS;
MAS, POR FAVOR,
FAZE COM QUE ELAS
ESTEJAM SEMPRE DEsOCUPADAS
PARA MIM.
NÃO JULGUES MEU OLHAR
NEM MINHA ATITUDE,
ANTES DEIXE QUE
MEUS OLHOS SE MANTENHAM
PERDIDOS, E SE UM DIA
ENCONTRARES MEU OLHAR
VAGANDO  DESORIENTADO NO
MUNDO DOS SONHADORES,
DÁ-ME ELE DE PRESENTE,
POIS HÁ MUITO DESEJO
ENCONTRÁ-LO;  E SE ACASO
AO   VÊ-LO, SOUBERES DO
MEU SEGREDO,
FINGE PARA MIM
QUE NADA SABES E
NÃO CHORES,  AMIGO
POIS NÃO SABERIA
EU DIZER-TE PALAVRA
ALGUMA.


             De Alda Para Chico   UFPA, 08 /06/87
  

  O ROMANCE E A NOVELA (Por Orlando Tadeu Ataíde Leite)       Pois bem, vamos lá.       Diferentemente do conto e da crônica o romance e a n...